Prazer em comer carboidratos vem de herança genética

A dificuldade de reduzir a ingestão de carboidratos pode estar relacionada a um aspecto profundo da nossa herança genética. Um estudo liderado pela Universidade de Buffalo (UB) e pelo Laboratório Jackson (JAX), nos Estados Unidos, revela que a duplicação de um gene chamado amilase salivar (AMY1) teve um papel crucial na adaptação humana a dietas ricas em amido, o evento ocorreu há mais de 800 mil anos, muito antes da dominação da agricultura.

As descobertas, publicadas ontem, na revista Science, indicam que quanto mais cópias do AMY1 uma pessoa tem, maior a capacidade de produzir amilase —a enzima responsável por quebrar as moléculas de amido. “A ideia é que quanto mais genes de amilase você tem, mais amilase você pode produzir e mais amido você pode digerir efetivamente”, detalhou Omer Gokcumen, professor de ciências biológicas na UB e autor correspondente do estudo.

Os pesquisadores usaram técnicas avançadas para examinar a região do gene AMY1. A abordagem permitiu uma análise mais detalhada da evolução das duplicações do gene ao longo do tempo.

A equipe analisou o DNA de 68 humanos antigos, incluindo uma amostra de 45 mil anos da Sibéria, e encontrou que caçadores-coletores pré-agrícolas já tinham entre quatro e oito cópias do AMY1 por célula. Essa diversidade sugere uma adaptabilidade notável a dietas ricas em amido antes da domesticação de plantas. Além disso, duplicações do AMY1 também foram identificadas em neandertais e denisovanos. “Isso sugere que o gene AMY1 pode ter se duplicado pela primeira vez há mais de 800 mil anos, muito antes da separação entre humanos e neandertais”, afirma Kwondo Kim, um dos principais autores do estudo.

A pesquisa também revelou o grande impacto da agricultura na variação do AMY1. Enquanto os primeiros caçadores-coletores tinham múltiplas cópias do gene, fazendeiros europeus apresentaram um aumento nas cópias do AMY1 nos últimos 4 mil anos, possivelmente devido às suas dietas ricas em amido. Gokcumen destaca que “indivíduos com números de cópias AMY1 mais altos provavelmente estavam digerindo amido de forma mais eficiente e tendo mais descendentes”, o que acabou favorecendo essas linhagens ao longo do tempo.

Essas descobertas corroboram com um estudo recente da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, que mostrou que o número médio de cópias de AMY1 em humanos europeus aumentou de quatro para sete nos últimos 12 mil anos. Feyza Yilmaz, cientista computacional associada no JAX e autora principal do estudo, ressalta que “essa variação genética apresenta uma oportunidade empolgante para explorar seu impacto na saúde metabólica”.

Para os cientistas, estudos sobre o gene AMY1 não apenas elucidam aspectos da evolução humana, mas também abrem portas para futuras investigações sobre como a variação genética pode afetar a saúde, a nutrição e o metabolismo da glicose. Segundo eles, as novas descobertas podem redefinir nossa compreensão sobre a adaptação humana às dietas e dar informações valiosas para a saúde pública e a nutrição moderna.

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Como a maconha altera seu DNA

A maconha é uma das drogas mais usadas no mundo. No entanto, ainda há muita coisa que não sabemos sobre ela e sobre seus efeitos no cérebro — incluindo por que a cannabis provoca psicose em algumas pessoas que usam a droga.

Mas nosso estudo recente acaba de nos deixar mais perto de entender o impacto biológico do uso de maconha de alta potência.

Publicado na revista científica Molecular Psychiatry, ele demonstra que a cannabis de alta potência deixa uma marca distinta no DNA.

Também descobrimos que essas alterações no DNA eram diferentes em pessoas que estavam sofrendo o primeiro episódio psicótico, em comparação com usuários que nunca haviam sofrido de psicose.

Isso sugere que observar como o uso de cannabis modifica o DNA poderia ajudar a identificar aqueles que correm mais risco de desenvolver psicose.

A quantidade de THC (Delta-9-Tetrahidrocanabinol), o principal ingrediente da maconha que faz as pessoas se sentirem “chapadas”, tem aumentado de forma constante desde a década de 1990 no Reino Unido e nos EUA.

No Estado americano do Colorado, onde a maconha é legalizada, é possível comprar a droga com 90% de THC. Embora o THC seja um dos mais de 144 outros produtos químicos encontrados na planta da cannabis, é o principal composto usado para estimar a potência da maconha.

Muitos estudos mostraram que quanto maior a concentração de THC, mais fortes serão os efeitos no usuário. Por exemplo, uma pesquisa descobriu que as pessoas que usam maconha de alta potência (com THC de 10% ou mais) diariamente, possuem cinco vezes mais chance de desenvolver um transtorno psicótico, em comparação com aquelas que nunca usaram a droga.

Os transtornos psicóticos associados ao uso diário de cannabis de alta potência costumam se manifestar por meio de uma série de sintomas. Entre eles, estão alucinações auditivas (ouvir vozes que outras pessoas não conseguem escutar), delírios de perseguição (sentir que é alvo de uma conspiração sem qualquer evidência) e paranoia (perceber o ambiente como hostil e interpretar as interações de forma suspeita).

Todas estas experiências são muito angustiantes e incapacitantes.

Nosso estudo teve como objetivo analisar a marca que o uso corrente de cannabis deixa no DNA. Também queríamos entender se esta marca é específica do uso de cannabis de alta potência — e se isso pode ajudar a identificar os usuários com maior risco de sofrer de psicose.

Para fazer isso, analisamos os efeitos do uso de cannabis em um processo molecular chamado metilação do DNA. Trata-se de um processo químico que regula a atividade dos genes, ativando ou desativando os genes, e controlando como os genes são expressos sem alterar a estrutura do próprio DNA.

A metilação do DNA é apenas um dos muitos mecanismos que regulam a atividade dos genes, e faz parte de um importante processo biológico conhecido como epigenética.

A epigenética é base da interação entre o nosso ambiente, as escolhas de estilo de vida que fazemos (como o uso de cannabis ou a prática de exercício físico) e a nossa saúde física e mental.

Embora estudos anteriores tenham investigado o impacto do uso de maconha ao longo da vida na metilação do DNA, eles não analisaram o efeito do uso regular de diferentes potências da droga neste processo. Tampouco exploraram como isso afeta as pessoas que têm psicose.

Nossa pesquisa combinou dados de dois grandes estudos de caso-controle iniciais: o estudo Genética e Psicose, realizado no sul de Londres, e o estudo EU-GEI, que incluiu participantes da Inglaterra, França, Holanda, Itália, Espanha e Brasil.

Ambos os estudos coletaram dados de pessoas que estavam sofrendo o primeiro episódio psicótico e de participantes que não apresentavam problemas de saúde e representavam a população local.

Pessoas que usam cannabis com THC de 10% ou mais têm cinco vezes mais chance de desenvolver um transtorno psicótico, em comparação com aquelas que não usam a droga

No total, analisamos 239 pessoas que estavam sofrendo o primeiro episódio psicótico e 443 voluntários saudáveis. Cerca de 65% dos participantes eram do sexo masculino. Eles tinham idades entre 16 e 72 anos. Todos forneceram informações sobre o uso de cannabis, assim como amostras de DNA do sangue.

Cerca de 38% dos participantes usavam maconha mais de uma vez por semana. Daqueles que usavam a droga, a maioria consumia cannabis de alta potência mais de uma vez por semana — e havia começado por volta dos 16 anos.

As análises de metilação do DNA foram então realizadas em várias partes de todo o genoma. A análise levou em conta o potencial impacto de diversos fatores de confusão biológicos e ambientais que podem ter afetado os resultados — como idade, sexo, etnia, tabagismo e a composição celular de cada amostra de sangue.

Marca distinta no DNA

Nossas descobertas revelaram que o uso de maconha de alta potência altera a metilação do DNA — sobretudo em genes relacionados às funções de energia e do sistema imunológico. Isso ocorreu com os participantes que haviam usado maconha de alta potência. No entanto, as pessoas que haviam sofrido de psicose apresentavam uma marca diferente de alteração no seu DNA.

Estas mudanças epigenéticas mostram como fatores externos (como o uso de drogas) podem alterar o funcionamento dos genes. É importante destacar que estas alterações não foram explicadas pelo tabaco — que normalmente é misturado nos cigarros de maconha por muitos usuários, e é conhecido por alterar a metilação do DNA.

Esta descoberta também evidencia as alterações epigenéticas como um possível elo entre a cannabis de alta potência e a psicose.

A metilação do DNA, que faz a ponte entre a genética e os fatores ambientais, é um mecanismo chave que permite que influências externas (como o uso de substâncias) afetem a atividade dos genes.

Ao estudar as alterações epigenéticas, os pesquisadores podem ser capazes de desenvolver uma compreensão melhor sobre como o uso de maconha — especialmente de alta potência — pode influenciar vias biológicas específicas.

Isso pode, por sua vez, nos ajudar a entender por que é que alguns usuários de cannabis apresentam um risco maior de psicose.

Esperamos que as nossas descobertas ajudem os cientistas a compreender melhor como o uso de maconha pode afetar a biologia do corpo.

As futuras pesquisas devem agora investigar se os padrões de metilação do DNA associados ao uso de cannabis podem servir como biomarcadores para identificar usuários com maior risco de desenvolver psicose.

Isso poderia levar a estratégias de prevenção mais direcionadas e orientar práticas mais seguras de uso de cannabis.

* Marta Di Forti é cientista clínica, bolsista de pesquisa do MRC, na Universidade King’s College London, no Reino Unido.

Emma Dempster é professora de ciências clínicas e biomédicas na Universidade de Exeter, no Reino Unido.

Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em inglês).

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Porte de arma para agentes socioeducativos avança no Congresso

Depois de ter sido aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) nesta quarta-feira (16/10), o Projeto de Lei (PL) nº 4.256, de 2019, de relatoria do senador Esperidião Amin (PP-SC), deve avançar para análise na Câmara dos Deputados, se não houver recurso para votação em Plenário. O texto altera o Estatuto do Desarmamento, Lei n.º 10.826, de 2003, e autoriza o porte de arma aos agentes de segurança socioeducativos tanto em serviço quanto fora dele.

O autor do projeto, Fabiano Contarato (PT-ES), defende que a medida foi criada em prol da proteção do adolescente, do agente e de seus familiares “de ameaças iminentes e concretas”, principalmente no caso de invasão dentro de uma unidade de internação para menores infratores em conflito com a lei. Os agentes abrangidos pela proposta são servidores públicos concursados responsáveis pela segurança, vigilância, guarda, custódia e escolta de adolescentes às unidades socioeducativas.

Outro a ser favorável ao PL foi o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS). Ele leu o texto do projeto na sessão, e destacou que os agentes são “alvos de ameaças por parte de facções criminosas e indivíduos envolvidos em crimes violentos”. A pedido de Marcos Rogério (PL-RO), Daniella Ribeiro (PSD-PB) e Alan Rick (União-AC), Mourão incluiu os oficiais de justiça à proposta, sob o pretexto de serem responsáveis por distribuir as intimações e decisões dos magistrados.

Quanto ao porte de armas, o projeto mantém as regras sobre o pagamento de taxas de registro e de manutenção das armas, seja ele particular ou vinculado à instituição para a qual trabalham.

A Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos (Anadep), através da presidente Rivana Ricarte, informou ao Correio que o avanço da matéria é preocupante. “A atuação dos agentes socioeducativos é essencialmente pedagógica e ressocializadora, com a finalidade de educar, orientar e preparar os adolescentes e jovens para a vida em sociedade. Não pode ser confundida com a atividade de agentes de segurança ou mesmo de polícias penais, sob o risco de violar o art. 227, da Constituição Federal”, defende.

O artigo 227 da Constituição de 1988, citado por Rivana, está no capítulo VII do documento e dispõe como dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente seus direitos, incluindo protegê-los de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Policial civil aposentado do Distrito Federal, Carlos Tabanez, voluntário há 33 anos na Vara da Infância e Juventude, atua como agente de proteção da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), e acredita que a medida é positiva para a segurança dos agentes. “Esse grupo que lida diretamente com a delinquência infantil fica indefeso no ambiente de trabalho e na vida privada. Eles lidam com diversos tipos de adolescentes que, muitas vezes, são mais perigosos que o próprio criminoso, porque se ele matar alguém em 3 anos ele está solto, enquanto o adulto pega 30 anos de prisão”.

Em discordância, a presidente da Anadep argumenta: “Autorizar o porte de armas para os agentes é reforçar a equivocada ideia do caráter punitivo das medidas, como também estigmatizar, criminalizando, aqueles que estão sujeitos à sua aplicação, especialmente meninos e meninas pretas e pobres, parte majoritária dos adolescentes e jovens internados em unidades de internação e semiliberdade no país”.

O porte de armas diminuiu no Brasil no primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No ano passado, o Brasil apresentou a menor taxa de registros de armas de fogo em 19 anos segundo a Polícia Federal (PF). Dados do Sistema Nacional de Armas (Sinarm) revelaram 111.044 novos cadastros, 82% menos que os 20.822 de 2022. Também em 2023, o país registrou uma queda de 3,4% no número de mortes violentas em um ano.

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No Dia do Professor, Senado aprova política que reduz preço dos livros

Avança no Congresso Nacional a criação da Política Nacional do Livro, também conhecida como “Lei do Preço de Capa”, instituída pelo projeto de lei do Senado (PLS) 49, de 2015. A partir dela, todo livro, inclusive digital, receberá uma precificação única por parte das editoras, que terão até um ano para estipulá-lo a contar da data do lançamento ou importação da obra. Nesta terça-feira (15/10), a Comissão de Educação e Cultura (CE) da Casa aprovou o texto, que ainda deve passar por votação em turno suplementar na comissão e, depois, seguirá para discussão na Câmara dos Deputados.

A política define que autores e editores estabeleçam um preço de capa, ou seja, um valor tabelado, para livros novos e reedições. O mesmo valerá para obras editadas com International Standard Book Number (ISBN) brasileiro. O valor único a ser definido, que considera os custos de produção antes da impressão, não pode ser descontado acima de 10% e nem fixado abaixo de 90% do preço de capa definido pelo editor.

Obras raras, antigas, usadas ou esgotadas, de colecionadores ou com edição limitada ao 100 exemplares serão isentas de precificação. O mesmo vale para as obras destinadas a instituições e entidades que usufruam de subsídio público.

O texto, de autoria da ex-senadora Fátima Bezerra (PT-RN), foi apresentado na forma de substitutivo da senadora Teresa Leitão (PT-PE). “A instituição de política de incentivo ao mercado editorial e livreiro é adequada e oportuna para a proteção e promoção do mercado literário em nosso país”, declarou a parlamentar. A fiscalização das exigências ficará por conta do Instituto de Defesa do Consumidor (Procon).

Teresa sugeriu em seu substitutivo que os estados e municípios sejam responsáveis pelas ações previstas para difundir a leitura, determinadas pela Lei do Livro, nº 10.753 de 2003, para que isso não se restrinja ao Poder Executivo da União. Durante à tarde, ela esteve presente na Sessão Deliberativa Ordinária do Senado Federal e reforçou a importância de iniciativas das prefeituras e governos para a educação escolar. “A situação de muitas escolas carece de ações efetivas de prefeitos e prefeitas, de governadores e governadoras, uma vez que a educação básica é executada pelo ente municipal e estadual”, afirmou.

Na sessão, a senadora petista homenageou os docentes brasileiros, e defendeu que o Plano Nacional da Educação equipare o salário do professor de nível superior aos salários de “qualquer outra profissão que exija o ensino superior”. Segundo ela, o plano que tramita no Senado deve ser aprovado até o fim do próximo ano.

Em meio a homenagens de outros senadores, Teresa lembrou da origem da data: “O Dia do Professor e da Professora foi instituído por uma professora negra, Antonieta de Barros, uma das primeiras mulheres eleitas do país, por meio da lei estadual de Santa Catarina nº 145 de 1948. Em 1922 ela, filha de escravos, já era professora, e teve, na bandeira da educação, a defesa pelo direito das mulheres, e por uma escola inclusiva. Ela criou essa data para nos homenagear e para refletir”.

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Furacão Milton fecha principais parques temáticos dos EUA

A chegada do furacão Milton, na Flórida, nos Estados Unidos, fechará os principais parques temáticos do mundo nesta quarta-feira (9/10). O fenômeno foi categorizado como uma tempestade de categoria 5, o nível máximo na escala de intensidade. Segundo o National Hurricane Center (NHC), a previsão é que a tempestade chegue à Flórida na noite desta quarta-feira (9/10).

Segundo nota da empresa, divulgada no site da Disney, o fechamento dos parques ocorrerá de forma escalonada. Às 13h os parques Hollywood Studios e o Animal Kingdom serão fechados. Já as atividades do Magic Kingdom, Epcot e o Disney Springs serão encerradas às 14h. “É provável que os parques temáticos permaneçam fechados na quinta-feira, 10 de outubro. Consideraremos abrir o Disney Springs na quinta-feira (10) no final da tarde, com ofertas limitadas”, afirma a nota.

Ainda de acordo com o comunicado, os hotéis do complexo encerrarão suas operações a partir das 11h. A previsão é que ele volte a funcionar no domingo (13/10). A empresa também anunciou o cancelamento da festa de Halloween Mickey’s Not-So-Scary, no Magic Kingdom. Ela iria acontecer na quinta-feira (10/10), e os ingressos serão reembolsados. Também permanecem suspensas as atividades dos parques Typhoon Lagoon, Winter Summerland Miniature Golf, e Fantasia Gardens Miniature Golf.

Os parques da Universal também anunciaram mudanças no funcionamento. Conforme o comunicado da empresa, o Universal Studios Florida, Islands of Adventure e Universal CityWalk serão fechados às 14h desta quarta-feira (9/10) permanecem na quinta-feira (10/10).

Ainda de acordo com a nota, estão suspensas a noite de Halloween no Universal Studios Florida e as atividades no Universal Volcano Bay. A suspensão permanecerá até sexta-feira (11/10). O comunicado destaca também que os hotéis permanecem operacionais.

“Prevemos uma reabertura completa do nosso destino, incluindo o Halloween Horror Nights, na sexta-feira, 11 de outubro, em nosso horário normal de funcionamento, aguardando o resultado dos impactos da tempestade”, afirmou a empresa.

Os parques Busch Gardens Tampa e SeaWorld Orlando também estarão interditados ao longo desta semana, conforme comunicado da operadora United Parks & Resorts Inc. O SeaWorld não abrirá suas portas na quarta-feira (9/10) e na quinta-feira (10/10), enquanto o Busch Gardens Tampa já está fechado desde a terça-feira (8/10).

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Provas de títulos: veja o que conta nesta etapa das seleções públicas

Amanhã, os candidatos do Concurso Nacional Unificado (CNU) deverão conhecer suas notas (exceto as do bloco 4, por força de liminar) e, se aprovados, eles serão convocados ao envio de documentos para a avaliação de títulos — cujo peso varia de 5% a 10%, nos casos em que esse critério conta. Mas o trabalho de separação dos documentos comprobatórios deve começar antes. O prazo para a entrega dos comprovantes vai até quinta-feira, dia 10. Portanto, o tempo é curto para solicitar um documento a uma instituição de ensino, órgão ou empresa na qual tenha trabalhado.

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— Você não é eliminado se não enviar os documentos, mas perde a chance dos pontos (da avaliação de títulos) — diz o professor do Gran Concursos Eduardo Cambuy: — O melhor momento para você separar seus títulos é assim que os adquire. Se você se formou, se certificou, já faz o documento de comprovação, tira duas, três cópias autenticadas e deixa em casa. No caso de o candidato ter de comprovar a experiência em um órgão no qual trabalhou, leva até quatro dias somente para alguém responder. Por isso, tem que pedir sempre antes.

Os editais dos concursos são as guias dos candidatos para saberem o que conta ponto em cada caso e os documentos que precisarão entregar. As regras do CNU sofreram modificações na última semana, e é preciso conferi-las novamente, pois haverá mais rigidez na comprovação de diplomas e experiências. Outra novidade é que todas as vagas do Bloco 8 – Nível Intermediário passarão a contar com essa etapa.

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As provas de títulos em concursos de nível médio e técnico são raras, de acordo com Cambuy e com a professora Gabriela Marques de Paula, da Degrau Cultural.

— A prova de títulos como etapa avaliativa se iniciou nos concursos da Magistratura e do Ministério Público. Porém, em pouco tempo, passou a integrar o cronograma dos mais variados certames — acrescenta Gabriela: — Não é uma etapa obrigatória em todos os concursos públicos. Tudo depende do certame e do nível de especificidade de cada cargo.

O que vale ponto, como comprovar e o peso de cada diploma ou experiência para a nota do CNU podem ser encontrados no Anexo VI dos editais de cada bloco do concurso, no site do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).

‘Funciona como uma análise curricular’

Na prática, segundo Gabriela de Paula, “a etapa funciona como uma análise curricular”. Há alguns tipos de títulos geralmente validados em concursos públicos:

— No Brasil, os títulos que contam dominantemente são os acadêmicos: geralmente, certificados de lato-sensu, como especialização ou MBA, ou stricto-sensu, como mestrado ou doutorado — destaca Antonio Batista da Silva Oliveira, coordenador do mestrado em Administração Pública da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

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Eduardo Cambuy sugere:

— Uma informação legal é que alguns concursos permitem acumular as especializações. Então, você pode apresentar um mestrado ou um doutorado, mas, às vezes, até duas ou três especializações. Com isso, pode valer mais a pena o candidato fazer especializações porque, digamos, se você tem 20 pontos de mestrado e dez pontos de especialização, podendo acumular duas especializações, o candidato ganha, pois o custo-benefício pode ser melhor.

Há outros dois grupos de títulos que contam em alguns concursos: participação em congressos e publicações de artigos, além de experiência profissional. É mais raro, mas a aprovação em concursos anteriores também pode valor pontos.

A avaliação de títulos é uma etapa do concurso, em geral, de caráter classificatório e não eliminatório. No entanto, pode ser decisiva para a chamada imediata ou para ficar num cadastro de reserva. Os títulos equivalem, em geral, a de 10% a 15% da nota em carreiras mais técnicas. Mas as universidades e os institutos de pesquisa tendem a valorizar mais quem é mestre ou doutor. Os títulos acadêmicos podem chegar a 20 pontos, o que equivale a até 25% da prova.

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Custo da cesta básica no Rio sobe mais de 5% em um ano e chega a R$ 757,30

O preço da cesta básica de alimentos registrou aumento em dez das 17 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), entre agosto e setembro de 2024. Os maiores reajustes ocorreram em Porto Alegre (2,07%), Florianópolis (1,59%), Rio de Janeiro (1,56%), Vitória (1,56%) e Brasília (1,39%). Por outro lado, Belém (-2,58%), Fortaleza (-2,31%) e Aracaju (-1,98%) apresentaram as principais reduções.

São Paulo manteve a posição de capital com o maior valor da cesta, atingindo R$ 792,47, seguida por Florianópolis (R$ 768,33), Rio de Janeiro (R$ 757,30) e Porto Alegre (R$ 756,17). Nas cidades do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta difere das demais regiões, os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 506,19), Recife (R$ 535,32) e João Pessoa (R$ 552,35).

Na comparação entre setembro de 2023 e setembro de 2024, 11 capitais registraram aumento no custo dos alimentos básicos, com destaque para São Paulo (7,85%), Goiânia (6,65%), Campo Grande (5,76%) e Rio de Janeiro (5,19%). Em contrapartida, Natal (-7,51%) e Recife (-6,12%) apresentaram as maiores quedas.

Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos: custo e variação da cesta básica em 17 capitais

Capital Valor da cesta (R$) Variação mensal (%) % do salário mínimo líquido Tempo de trabalho Variação no ano (%) Variação em 12 meses (%)

São Paulo 792,47 0,78 60,67 123h28m 4,13 7,85

Florianópolis 768,33 1,59 58,83 119h43m 1,3 2,77

Rio de Janeiro 757,3 1,56 57,98 117h59m 2,53 5,19

Porto Alegre 756,17 2,07 57,9 117h49m -1,35 1,95

Campo Grande 714,63 0 54,71 111h20m 2,43 5,76

Curitiba 698,44 0,2 53,48 108h49m 0,17 2,53

Vitória 694,87 1,56 53,2 108h16m 0,87 1,9

Brasília 682,51 1,39 52,26 106h20m -2,32 3,07

Goiânia 672,93 0,76 51,52 104h51m 0,53 6,65

Belo Horizonte 651,44 -0,58 49,88 101h30m -0,74 2,79

Belém 647,79 -2,58 49,6 100h56m 0,36 2,25

Fortaleza 615,92 -2,31 47,16 95h58m -2,29 -3,83

Natal 554 -0,3 42,42 86h19m -0,37 -7,51

Salvador 553,62 -1,27 42,39 86h16m -1,28 -3,05

João Pessoa 552,35 0,63 42,29 86h04m 1,85 -1,82

Recife 535,32 0,41 40,99 83h25m -0,51 -6,12

Aracaju 506,19 -1,98 38,76 78h52m -2,14 -4,91

Fonte: Dieese

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Análise

Segundo o Dieese, considerando a cesta mais cara, de São Paulo, o salário mínimo necessário para cobrir as despesas de uma família de quatro pessoas, com alimentação, moradia, saúde, educação e outras necessidades básicas, deveria ter sido de R$ 6.657,55 em setembro, ou 4,71 vezes o valor do piso nacional vigente, que é de R$ 1.412.

Alguns dos produtos que mais impactaram o custo da cesta básica foram o café em pó, com aumento em todas as capitais, chegando a 12,48% em Campo Grande; o óleo de soja, que subiu em 16 capitais, destacando-se Vitória com 8,41%; e a carne bovina de primeira, que teve alta em 16 capitais, sendo a maior variação no Rio de Janeiro (4,04%). No entanto, houve queda nos preços do tomate em 13 capitais, com a maior redução observada em Fortaleza (-21,76%).

Tempo de trabalho

O tempo médio de trabalho necessário para adquirir a cesta básica em setembro de 2024 foi de 102 horas e 14 minutos, um aumento em relação a agosto, quando foram necessárias 102 horas e 1 minuto. Em setembro de 2023, o tempo de trabalho médio era de 108 horas e 2 minutos.

Em São Paulo, onde o valor da cesta básica foi o mais alto, o trabalhador remunerado pelo salário mínimo comprometeu 60,67% do seu rendimento líquido para adquirir os alimentos necessários para um adulto durante um mês, percentual maior do que em agosto (60,21%).

Impactos climáticos

As variações climáticas, como o fenômeno El Niño e as queimadas, afetaram diretamente a oferta de diversos produtos, como café e soja, resultando em aumento de preços no varejo.

Ao mesmo tempo, o excesso de calor fez com que alimentos como a batata e o tomate amadurecessem mais rapidamente, levando à queda de preços em algumas capitais.

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Veja os fatores que interferem na tomada de decisão

As decisões que tomamos diariamente, desde as mais simples, como o que comer no café da manhã, até as mais complexas, como mudar de emprego ou escolher um candidato nas eleições, estão profundamente interligadas aos processos cerebrais e emocionais.

O cérebro processa uma vasta quantidade de informações, avaliando experiências passadas, expectativas futuras e fatores contextuais para tomar cada decisão. Além disso, as emoções desempenham um papel central, influenciando a maneira como percebemos riscos, recompensas e consequências.

Segundo a psiquiatra Dra. Jéssica Martani, especialista em comportamento humano e saúde mental, entender como o cérebro age nesses momentos é fundamental para compreender o porquê, às vezes, tomamos decisões rápidas e acertadas, enquanto em outras situações somos consumidos pela indecisão.

“A tomada de decisão envolve várias regiões do cérebro, sendo o córtex pré-frontal o principal responsável pela avaliação das opções e pela antecipação das consequências de cada escolha”, explica. Segundo ela, esse processo, no entanto, não é totalmente racional. “O sistema límbico, que controla as emoções, também tem um papel significativo, influenciando nossas decisões com base em experiências passadas, medos e desejos.”

Interferência das emoções na tomada de decisão

As emoções desempenham um papel essencial na tomada de decisões. “Ao contrário do que muitos pensam, as emoções não são o ‘inimigo’ da razão. Elas são cruciais para que possamos tomar decisões mais ágeis e adequadas em determinados contextos”, afirma. “Por exemplo, quando estamos diante de uma situação de perigo, o medo pode nos ajudar a tomar decisões mais rápidas e proteger nossa vida.”

No entanto, as emoções podem ser um obstáculo quando não conseguimos gerenciá-las adequadamente. “Ansiedade elevada ou medo irracional podem levar à paralisia ou à tomada de decisões precipitadas”, alerta a psiquiatra.

É essencial buscar o equilíbrio entre a razão e a emoção antes de tomar uma decisão importante (Imagem: GoodStudio | Shutterstock)

Pensamento racional para tomar decisões

Além das emoções, a racionalidade também tem seu papel. “Quando temos tempo e recursos, tendemos a utilizar o pensamento racional para tomar decisões”, explica a Dra. Jéssica Martani. “Avaliar prós e contras, fazer listas mentais de vantagens e desvantagens e ponderar as possíveis consequências faz parte desse processo mais deliberado.”

Contudo, o excesso de análise pode levar à chamada “paralisia por análise”, em que o indivíduo acaba não conseguindo decidir devido ao excesso de opções e informações. “Nesses casos, o equilíbrio entre razão e emoção é o ideal”, diz.

Fatores externos também exercem influência

Fatores externos, como o ambiente e a pressão social, podem impactar nossas decisões. “O ambiente em que estamos inseridos, nossas experiências anteriores e até a opinião de outras pessoas ao nosso redor influenciam diretamente na forma como tomamos decisões”, explica a médica.

A Dra. Jéssica Martani ressalta a importância de estar ciente desses fatores, para que seja possível tomar decisões mais conscientes e alinhadas com os próprios valores e objetivos. “Tomar decisões de maneira consciente requer autoconhecimento e uma compreensão clara de quais são as nossas prioridades. Isso pode ajudar a mitigar a influência externa e a tomar decisões mais autênticas”, afirma.

Melhorando a tomada de decisão

Algumas práticas podem ajudar a melhorar a tomada de decisões. “Práticas como a meditação e o mindfulness podem ajudar a desenvolver uma maior autoconsciência, permitindo que as pessoas identifiquem e regulem melhor suas emoções durante o processo de decisão”, sugere a Dra. Jéssica Martani.

Ela também recomenda a busca por um equilíbrio entre emoção e razão, reconhecendo que nem sempre uma decisão totalmente racional será a melhor, assim como uma decisão puramente emocional pode ser prejudicial.

Por Mayra Barreto Cinel

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Setembro amarelo: número de pacientes na rede do SUS especializada em saúde mental dobra no Rio em três anos

Quando criança, Camila Silveira sentia que era assolada, como descreve hoje, aos 42 anos, por “pensamentos negativos terríveis”. Na adolescência, ela desenvolveu uma relação excessiva com a comida, que gradativamente transformou seu corpo e ruiu sua autoestima. Em muitos momentos, se via perdida diante das crises sucessivas, do medo e da solidão. Apesar disso, concluiu duas graduações, casou-se e teve um filho. Mas só em maio deste ano que ela começou a tratar a ansiedade generalizada, a depressão e a compulsão alimentar que a acompanham há décadas.

Camila se juntou às milhares de pessoas que têm enchido os consultórios da rede pública do Rio em busca de atendimento psicológico. Um levantamento da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para a campanha de prevenção ao suicídio deste Setembro Amarelo aponta que, entre 2020 e 2023, mais que dobrou a quantidade de pacientes da saúde mental nas unidades da prefeitura: um salto de 5.828 para 12.340.

Já os dados de janeiro a agosto de 2024 mostram que 28% dessas consultas foram para cuidar da ansiedade, com cerca de 2.160 atendimentos. Desse total, a ansiedade generalizada foi diagnosticada em 15% do público, aproximadamente 1.160 pessoas. Mas também se destacam os tratamentos de doenças como a depressão e o transtorno de pânico. Segundo especialistas, além dos fatores biológicos, o estresse proveniente de desafios sociais e ambientais, como a violência cotidiana no Rio, contribui para que esses males se espalhem.

— Os transtornos psicológicos são complexos, têm várias camadas, e o estresse com a rotina, apesar de não ser a principal causa de um tratamento clínico, potencializa a sensação de ansiedade, causa mudanças de comportamento. As pessoas passam a viver em alerta, preocupadas, ficam mais suscetíveis a surtos de raiva, não conseguem dormir e até fazem mais uso de substâncias nocivas, como o álcool — afirma Cheyenne von Arcosy, psicóloga clínica e pesquisadora no Instituto de Psiquiatria da UFRJ.

No caso de Camila, ela procurou a Clínica da Família Maria Augusta Estrella, em Vila Isabel, Zona Norte do Rio, para fazer exames relacionados à diabete e à hipertensão. Num desabafo com a médica, no entanto, foi aconselhada a procurar um psicólogo. Antes que pudesse declinar pela falta de dinheiro, foi avisada que a unidade de saúde oferecia o serviço, gratuitamente, pelo SUS. Após um cadastro, ela foi chamada para começar o tratamento, que ocorre quinzenalmente.

A ansiedade generalizada, por exemplo, é conhecida pela preocupação excessiva com a rotina, que se manifesta em um medo constante. Como sintomas, há falta de ar, dor no peito, dormências e até paralisia. Mas Camila demorou a se abrir:

— Sempre soube que havia algo errado. Houve épocas em que eu não conseguia dormir, sentia uma falta de ar muito grande, parecia que eu estava infartando. Nunca gostei de conversar sobre isso, achava que as pessoas iam falar que é frescura, principalmente porque sou gordinha.

A compulsão alimentar, então, surgiu para dar vazão ao silêncio:

— Durante a tarde, eu comia desesperadamente, até passar mal. Essa hora do dia ainda é insuportável para mim, ainda mais somando o trabalho, que é de muita pressão e cobrança. Com o tratamento, consigo estar mais consciente sobre isso. Eu me sinto sortuda por ter conseguido a vaga para o atendimento. É a minha chance de conhecer uma nova Camila.

Filas a reduzir

Na rede da prefeitura, revela a pesquisa da SMS, mulheres como ela representam 75% dos atendimentos. E numa análise pelo bairro de residência dos pacientes, prevaleceram de janeiro a agosto deste ano, nesta ordem, os moradores das regiões de Campo Grande, Jacarepaguá, Centro, Penha e Irajá. Superintendente de Saúde Mental da SMS, o psiquiatra Hugo Fagundes diz que a prefeitura sabe da alta procura pelos tratamentos psicológicos e tem direcionado melhor os pacientes para diminuir as filas:

— A oferta está maior, mas passamos a direcionar melhor os atendimentos. Tem pessoas guiadas diretamente para tratamento nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) ou crianças que vão à atenção psicomotora ou fonoaudiológica. Os serviços estão qualificados, mas sabemos que ainda há muita demanda.

Nesse sentido, dados da transparência do sistema de regulação de vagas da saúde pública básica, o Sisreg, mostram que, ontem à tarde, o tempo médio de espera para atendimento na psicologia na cidade do Rio era de 136 dias. Já na psiquiatria, chegava a 175 dias. Fagundes destaca que a sensação de insegurança vivenciada pelos cariocas e os desafios da rotina potencializam os diagnósticos que levam pacientes a essas especialidades:

— É importante considerarmos a qualidade de vida das pessoas, as rotinas delas. Sabemos que o estresse diário, a insegurança e o medo, as incertezas em casa e no trabalho esgotam a saúde das pessoas. Nossa missão é aliviar o sofrimento, ajudá-las a “funcionarem” dentro da própria lógica e condição mentais, sem ignorar seus desafios.

Para Lucas Siqueira, de 26 anos, o medo que ele tinha de palhaço, quando bebê, ajuda a dimensionar sua ansiedade: ele tinha crises de choro e chegava a vomitar de medo. A simples possibilidade de encontrar o personagem já o aterrorizava. Ao crescer, a fobia migrou para outras áreas, até se materializar no mistério sobre a morte. Essa o rondava não só em pensamentos, mas se aproximava constantemente. Primeiro, aos 9 anos, quando perdeu a visão do olho esquerdo. A segunda, aos 12, quando foi atropelado de bicicleta e ficou internado em estado grave. Na época, recebeu o diagnóstico médico de transtorno de ansiedade generalizada, condição que trata com medicamentos, terapia, exercício, trabalho e apoio da família e de amigos.

Nos planos privados

Lucas é de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, e, desde a perda da visão, faz acompanhamento psicológico pelo plano de saúde. Segundo dados do Mapa Assistencial da Saúde Suplementar, publicado pela ANS, em todo o país o número de consultas com psicólogos pelos planos também cresceu entre 2020 e 2023: um aumento de 133% no período, chegando a 45,1 milhões de atendimentos. Na trajetória de Lucas, a causa da cegueira nunca foi totalmente elucidada, mas a razão mais consistente é a ação de uma larva de rio. Segundo ele, a equipe médica levou cerca de um ano para chegar a essa hipótese.

— Era terrível não saber o que estava acontecendo comigo, achava que iria ficar cego de vez, que ia morrer, e isso me dava um medo gigante — conta ele.

A condição piorou após ter sido atropelado por um carro enquanto andava de bicicleta. Ele teve dois traumatismos cranianos, ficou cinco dias no CTI e, depois, passou a ter crises de pânico.

— Fiquei um tempo na cadeira de rodas, depois de muletas. Eu sentia que tudo acontecia comigo, que eu ia morrer. Ficava desesperado. Quando não pensava na minha morte, pensava na dos meus pais. Minha cabeça não tinha descanso — relata.

Atualmente, Lucas aborda as experiências traumáticas com bom humor. Sua mãe foi quem o incentivou, desde cedo, a fazer terapia e a buscar atendimento psiquiátrico. No processo para se estabilizar, ele ainda encontrou uma profissão na qual pôde “extravasar” a agitação provocada pela ansiedade. Inicialmente, arriscou o teatro, mas, depois, percebeu a vocação como professor de geografia. Em homenagem à área, tatuou no braço o titã grego Atlas, condenado por Zeus a carregar o peso do céu sobre os ombros.

— Hoje, posso dizer que estou bem. A terapia foi fundamental para isso, é um longo processo de autoconhecimento e equilíbrio. Sem a minha família, eu não teria tido tantos avanços — diz.

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Mortal Kombat 1: Reina o Kaos podia ter sido mais “kaótico”

O gancho deixado ao final da história principal de MK1 com a chegada do Clérigo do Caos, Havik, a linha do tempo de Liu Kang, foi finalmente desenrolado em uma história inédita. Produzido pela NetherRealm Studios e publicado pela Warner Bros. Games, a Expansão Reina o Kaos traz uma história adicional ao modo campanha, e três novos personagens ao elenco de Mortal Kombat 1, Noob Saibot, Sektor e Cyrax, todos em novas roupagens e origens.

A expansão de história virou uma espécie de “tradição” desde o último jogo da franquia, Mortal Kombat 11, com a DLC Aftermath, que também acontecia após a história principal e que teve impacto direto em MK1. Lá também foram disponibilizados três novos personagens incluídos no elenco do jogo, colocando Sheeva e Fujin com capítulos próprios, além de trazer o mago Shang Tsung, liberado como primeiro DLC de MK11, para ser um agente ativo no enredo.

Havik até tenta ser um vilão no mesmo patamar de Shang Tsung, mas parece que faz papel que não o pertence.

As tramas cinematográficas (Sendo no fundo, no fundo, uma desculpinha para nossos heróis caírem na porrada) como sempre é extremamente bem escrita pela NetherRealm, desde Mortal Kombat 9, trazem aprofundamento para história e dá uma personalidade presente a cada um dos personagens, principalmente com o método de separar um capítulo para cada personagem (Que às vezes contém lutas gratuitas como: “Ah, você mexeu no meu queijo, vamos brigar”, mas ainda assim, elas são ótimas), é complicado quando trocam de um personagem que você havia acabado de se acostumar para um novo, mas a adaptação faz parte do processo, eu mesmo sinto que o primeiro inimigo de cada capítulo é mais para adaptação e teste de habilidades e o último é com certeza para desafiar você, cobrando todo o aprendizado durante o capítulo.

Porém, diferente de Aftermath, que continha uma história que adicionava ao enredo principal trazendo pontos importantes para a continuidade, eu acabei não sentindo a mesma urgência daquela trama, nessa. Parece que o Titã Havik, o clérigo do caos que derrotou crônica e moldou o mundo a sua imagem e semelhança, não passa de um vilão do modo Invasões. Modo esse criado exclusivamente para o novo jogo, já que seu gancho é feito no capítulo final, que consiste basicamente em trazer os personagens de Mortal Kombat em versões distorcidas do Multiverso, onde eles se tornaram guardiões do tempo, assim, seu objetivo é vencer cinco “tabuleiros”, derrotando centenas de inimigos até finalmente uma luta final com a versão distorcida do personagem.

Na primeira temporada Scorpion era o titã, na segunda Nitara, na terceira Sub-Zero e por aí vai. O modo invasões é um excelente passatempo, se você gosta muito de jogos de luta, já que a dinâmica apesar de mudar em alguns trechos para minigames, não deixa de ser um jogo de porrada, com você tendo que derrotar muitos inimigos até finalmente concluir um tabuleiro. Sem contar que as recompensas não valem muito, já que boa parte do que se ganha são apenas recolor (Mesmo modelo de skin apenas trocando a tonalidade do esquema de cores). Fora não haver uma “história” concreta por trás de cada temporada do modo Invasões, temos pequenas intervenções de Liu Kang, falando sobre os lacaios e o vilão do mês em uma cena animada no começo do primeiro tabuleiro e no final do último.

O mesmo sentimento que tenho sobre o modo Invasões me atingiu quando vi diversos personagens do elenco só com re-color, sendo os “terríveis lacaios de Havik”, óbvio que temos alguns com skins completamente diferentes das usuais, como uma versão “Mad Max” de Kenshi e Takeda, ou como a maravilhosa versão de Johnny Cage soldado, que tem o dialeto mais datado da história da humanidade, essas versões passam porque houve realmente um empenho no “fazer diferente”, mas muitos inimigos são genéricos e vindos do Modo Invasão. O mesmo vale para Havik, que desde o teaser no fim da trama principal quis passar um ar ameaçador, e pôs várias perguntas na cabeça dos jogadores: “Como será essa ameaça? Será que ele é mais forte que Liu Kang?” Sinto dizer que nada tão legal acontece, apesar de dar poderes de um Deus a criatura conhecida como “Clérigo do Caos”, infelizmente, nada tão caótico acaba acontecendo.

Noob Saibot tem um papel central na trama e mostra a rivalidade de Kuai Liang e Bi-Han.

No resumo simples, o enredo gira em torno de um novo ajuste de contas dos irmãos Lin Kuei, que de longe é o maior alto dessa versão da história MK. Na versão retratada em Mortal Kombat 9, Bi-Han, o primeiro Sub-Zero, o ninja mais forte dos Lin Kuei, assassina a família de Hanzo Hasashi, do clã rival de ninjas, Shirai Ryu, no inferno (Aqui chamado de Nether Realm) Hanzo faz um acordo para retornar dos mortos e vingar seus familiares, se tornando Scorpion. Durante o torneio do Mortal Kombat, Bi-Han reencontra Scorpion, que finalmente consegue sua tão desejada luta contra o ninja congelante e o mata, finalmente se vingando. Assim seu irmão, Kuai Liang assume o manto de Sub-zero, briga algumas vezes com Scopion até o dia que se defronta com uma versão ressuscitada de seu irmão, que o mago Quan Chi, tinha trago de volta a vida, mas ainda assim muito diferente do Bi-Han original, Noob Saibot, um ninja que usa a escuridão como arma e manifesta sua sombra como uma habilidade de combate.

Essa luta de irmãos é constantemente lembrada ao longo da saga, assim como Scorpion versus Sub-zero, sempre que ocorre uma luta de Sub-zero contra Noob será um grande acontecimento na história (Ou um poderoso fan-service).

Na nova versão de Reina Kaos, Noob ganha uma nova origem, começando com seu principal fator de irmandade com Sub-Zero, alterado em Mortal Kombat 1 com Hanzo Hasashi não existindo nessa nova linha do tempo, e Kuai Liang sendo o Scorpion dessa realidade, inicialmente um ninja dos Lin Kuei e mais tarde fundando seu próprio clã, os Shirai Ryu. Apesar dessa mudança, o choque continua pessoal, quando Scorpion finalmente encontra seu irmão transformado em Noob, a luta tem um peso magistral, e é muito bem feita em narrativa.

Cyrax e Sektor voltam numa nova roupagem e com sexos trocados.

Outros dois personagens que retornam em Reina o Kaos são Cyrax e Sektor, uma dupla de cyberninjas inspirados no visual do predador, que faziam parte das linhas Lin Kuei também através da iniciativa cibernética, um método que transformaria humanos em máquinas para aperfeiçoarem as habilidades dos ninjas. Ambos tiveram histórias reformuladas em Mortal Kombat 9 (Assim como boa parte do elenco), voltaram a aparecer em Mortal Kombat X através do Triborg, um robô que continha as habilidades de Sektor, Cyrax e Smoke (O último que também retornou em MK1), em Mortal Kombat 11 tiveram uma participação especial numa luta que uniu Scorpion e Sub-Zero, mas não eram personagens jogáveis e finalmente voltam para o mundo violento de Mortal Kombat, agora na nova linha do tempo.

Nesta versão, Cyrax e Sektor são ambas mulheres, e agora são ninjas aperfeiçoadas com armaduras, não robôs completos como antigamente, as duas fazem parte de um teste de Bi-Han para melhorar o armamento de seu clã de ninjas. Nessa aventura, elas fazem parte e presença de muitos acontecimentos que se desenrolam, tendo cada uma um capítulo próprio. Alguns movimentos foram retrabalhados atualizando os clássicos dos personagens, mas sem tirar suas principais características, Sektor com seus mísseis e lanças-chamas e Cyrax com suas bombas e seu teleporte.

O pacote de Kombate 2 ainda vai contar com Conan, o Bárbaro, Ghostface de Pânico e o T-100 de Exterminador do Futuro 2.

Mortal Kombat 1 teve suas dificuldades de adaptação para os jogadores, devido à implementação do sistema de Kameos, principalmente porque ele não é opcional, assim que era habituada na luta X1, teve que se adaptar ao novo sistema, mas apesar disso, o jogo continua muito sólido, para o primeiro jogo da NetherRealm da nona geração de consoles é uma excelente maneira de estrear e uma boa porta de entrada para os jogos de luta.

A nova DLC Reina o Kaos aposta muito alto com Havik, chega a ser frustrante ele ser só mais um vilão de temporada, mas apesar de ter uma história muito superficial, a trama ainda tem seus momentos de ouro, trazendo novas roupagens de personagens queridos que funcionam demais, principalmente para quem já é fã das batalhas sangrentas e mortais criadas por Ed Boon.

*Está análise foi feita com uma cópia para PlayStation 5 enviada pela Warner Games Brasil.

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