Problemas estruturais das rodovias brasileiras atrapalham vida dos brasileiros

As rodovias brasileiras que interligam os quatro cantos do país enfrentam uma situação delicada. Segundo a Pesquisa CNT (Confederação Nacional do Transporte) de Rodovias de 2023, dos 111.502 quilômetros analisados no país, apenas 32,5% estão em ótimo ou bom estado.

O dado representa 36.312 quilômetros de estradas. De acordo com o levantamento, os outros 67,5% estão em estado regular, ruim ou péssimo. O cenário se entrelaça a uma série de consequências perigosas que colocam em risco a vida e integridade de quem transita país adentro.

A maior parte da malha viária brasileira se encontra em estado regular, 41,37%, o que corresponde a 46.124 quilômetros. Essa extensão apresenta problemas estruturais e de manutenção na malha viária.

Em um recorte regional, o Norte brasileiro é a região com maior número de rodovias federais em más condições. A análise, feita em 13.729 quilômetros de estradas que cruzam o local, classificou 15,7% (2.159 quilômetros) em situação péssima. O Centro-Oeste possui 14,3% de suas estradas em condições degradantes.

Para o caminhoneiro autônomo José Henrique Garcia de Moraes, 60 anos, as estradas que cortam o Centro-Oeste brasileiro não estão em suas melhores condições.

“Há muitas rodovias no Distrito Federal em estado ruim. Algumas de Goiás estão boas, como a que vai para Alto Paraíso. Em Minas Gerais, tem muitas estradas precárias. Já em Mato Grosso, as estradas são boas, mas são muito estreitas e não têm acostamento”, afirmou.

Os problemas influenciam até no estado dos caminhões ao transitarem nas estradas.

“Tem muitas estradas estreitas, com desnível, que causam risco de tombamento. Desloca pneu do caminhão, acaba com a suspensão e o freio de mola. A gente toma cuidado, mas ainda provoca acidentes”, conta José Henrique.

No ramo de transportes de cargas há mais de 20 anos, o caminhoneiro percorreu a maioria das rodovias brasileiras. Na avaliação dele, o problema vem desde a raiz, no processo de construção.

“Existem diversos fatores que deixam a rodovia perigosa. A falta de manutenção, falta de acostamento, trepidação, buracos. Isso tudo por causa da construção que foi malfeita”, destacou.

Nos últimos anos, ele escolheu percorrer apenas as estradas de São Paulo, que, na sua opinião, são as melhores. Com seu conhecimento, o autônomo analisa que o pedágio é uma opção para a melhoria da extensão viária brasileira.

“As rodovias pedagiadas muitas vezes ficam a desejar, mas, mesmo assim, ainda são melhores do que as pistas normais. Existem algumas boas, como a BR-050 (Brasília – Santos), mas há outras que não são tão boas, como a BR-040 (Brasília – Rio de Janeiro)”.

O carreteiro autônomo Kleiber Vieira Gomes, 50, roda pelas estradas do Norte e Nordeste há mais de 15 anos. Ele relata situações parecidas: rodovias com falta de conservação.

“Rodo mais pela BR-230, também conhecida como Transamazônica, BR-222 (Ceará – Piauí – Maranhão) e, a principal, BR-135 (Meio Norte- Belo Horizonte), e elas são de estado precário. Asfalto estreito, sem acostamento, animais soltos na pista”, relata Kleiber.

Os prejuízos com a carreta são enormes e a insegurança nas estradas é um ponto de atenção. “Sempre há prejuízos com o caminhão. Tudo estraga precocemente devido à quantidade de buracos, asfalto remendado. Todo dia eu vejo casos de caminhões que caíram no mato por causa dos buracos, caminhão que colidiu com outro por causa dos buracos, caminhão que tombou”, aponta.

Na visão do advogado especialista em infraestrutura Antônio Henrique Monteiro, existem inúmeros fatores que contribuem para os problemas viários brasileiros. “Historicamente, o investimento na infraestrutura rodoviária do Brasil tem sido insuficiente para acompanhar o crescimento da demanda e para manter as estradas em bom estado de conservação. A falta de recursos financeiros destinados à infraestrutura rodoviária limita os esforços de manutenção e expansão”, analisa o especialista.

O intenso tráfego de veículos pesados e a falta de manutenção adequada, quando se juntam a má gestão, falta de planejamento integrado e falta de fiscalização contribuem para o agravamento da situação. “A combinação desses fatores tem contribuído para a precariedade da malha rodoviária brasileira, o que impacta negativamente a segurança, a eficiência e o desenvolvimento econômico do país”, acrescenta Monteiro.

O aumento das condições climáticas, especialmente as chuvas, é outro fator que contribui para o estado crítico das estradas. Nos últimos meses, inúmeros casos de vias com condições precárias e com falta de sinalização derivadas das fortes chuvas foram notificados em toda a extensão do território brasileiro.

“Essas chuvas intensas podem agravar os problemas existentes na malha rodoviária de várias maneiras, como a erosão do solo, inundação de vias, formação de buracos e crateras, danos à sinalização”, complementa o especialista.

“Solucionar esses problemas requer um esforço conjunto que envolve investimentos adequados, transparência na gestão dos recursos, planejamento integrado e medidas eficazes de fiscalização e controle”, analisa Monteiro.

* Estagiária sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza

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Governo divulga regra para bancos participarem do Desenrola para microempresas

O Ministério da Fazenda publicou, nesta sexta-feira (26), uma portaria com as regras para que bancos e instituições financeiras participem do Desenrola Pequenos Negócios. O programa de renegociação de dívidas para pequenas empresas e Microempreendedores Individuais (MEI) deve ser lançado na próxima semana.

A iniciativa será voltada para empresas com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões, com dívidas em atraso há mais de 90 dias, a partir de 22 de abril. O texto não estabelece um limite para o valor da dívida ou tempo máximo de atraso, o que incentiva a renegociação de dívidas mais antigas e de valores maiores, com descontos mais elevados.

De acordo com a portaria, o programa oferece incentivos tributários, sem custo algum em 2024, para que bancos e outras instituições financeiras renegociem dívidas de pequenas empresas. “As instituições que aderirem ao programa terão direito a um crédito presumido de impostos. A apuração do crédito presumido poderá ser realizada a partir do ano-calendário de 2025 até o ano-calendário de 2029”, informou a Fazenda, em nota. “Esse incentivo não gera nenhum gasto para 2024, e nos próximos anos o custo máximo estimado em renúncia fiscal é muito baixo, da ordem de R$ 18 milhões em 2025, apenas R$ 3 milhões em 2026, e sem nenhum custo para o governo em 2027” destacou o ministério.

Segundo dados da Quod, empresa de análise de crédito, desde 2018, há um aumento gradual da inadimplência das empresas no país. Em dezembro de 2023, por exemplo, elas já representavam pouco mais de 6,6% – uma das maiores taxas da história. Isso porque, dos aproximados 21 milhões de CNPJ, 5,9 milhões possuem dívidas atrasadas — representando cerca de 28% de todos os negócios ativos. De acordo com Thiago Gallina, head de produtos PJ da Quod, os micro e pequenos empreendedores representam a maioria das empresas endividadas no Brasil.

“Eles ainda sofrem os impactos causados pela pandemia e por fatores macroeconômicos, como a manutenção das altas taxas de juros, que impossibilitam a quitação saudável das dívidas. Já para aqueles setores como os de serviço e comércio, que normalmente já possuem um fluxo de caixa instável e são dependentes de crédito, a inadimplência também passou a ser um problema maior”, afirmou.

Inadimplência alta

Mesmo com a intensificação de feirões do Desenrola para pessoas físicas, o número de inadimplentes no país voltou a subir, atingindo 67,18 milhões de brasileiros em março. Segundo o indicador, medido pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), quatro em cada 10 brasileiros adultos (40,89%) estavam negativados no mês passado. O número representa uma alta de 2,67% em comparação a março de 2023, antes da implementação do programa, que teve início em julho. O crescimento do indicador anual se concentrou no aumento de inclusões de devedores com tempo de inadimplência de 1 a 3 anos.

Nos indicadores, a percepção é de que a economia vai bem, o que contrasta com o que vem sendo sentido no dia a dia dos brasileiros. “Todo o contexto macroeconômico do país é relativamente positivo, mas isso demora a ser sentido no bolso do consumidor”, ressaltou o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior. Apesar da trajetória de queda da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 10,75% ao ano, este ainda é um patamar alto que pesa no campo da inadimplência.

Além disso, os preços dos alimentos consumidos nos domicílios das famílias brasileiras vêm subindo acima da inflação desde outubro do ano passado, o que impacta, sobretudo, no orçamento dos mais pobres. Pellizzaro Júnior observa que desde a pandemia, as famílias se endividaram muito, chegando a patamares altos, em que essas dívidas se tornaram difíceis de serem pagas. “Essa é uma situação que demora a se ajustar. Muitas famílias ainda estão se reequilibrando, os consumidores estão voltando aos empregos formais, mas ainda com renda mais baixa e com muitas contas atrasadas a serem pagas”, avaliou.

Baixa adesão

O Desenrola para pessoa física tirou mais de 12,2 milhões de consumidores da inadimplência, negociando cerca de R$ 37,5 bilhões em dívidas. Apesar do saldo positivo, os números estão muito aquém do esperado. A previsão do governo era de que a primeira etapa do programa beneficiasse 32 milhões de pessoas, renegociando R$ 50 bilhões em dívidas até o fim de 2023.

“Os esforços do governo não foram suficientes para alcançar as metas iniciais do programa, evidenciando um gap entre as expectativas e a realidade da adesão ao Desenrola”, avalia o economista Otto Nogami, professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper). A baixa adesão ao programa fez com que seu fim fosse prorrogado duas vezes apenas neste ano. Agora, a Faixa 1, destinada a pessoas com renda de até dois salários mínimos ou inscritas no CadÙnico e com dívidas de até R$ 20 mil têm até o dia 20 de maio para fechar um acordo sobre os débitos.

Segundo Nogami, a baixa adesão pode ser atribuída a diversos fatores. “Um dos principais motivos é a burocracia envolvida no processo de adesão, tanto para devedores quanto para credores”, explicou.

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Luiz Henrique desencanta pelo Botafogo e se firma como referência após recuperação de lesão

Foram quase três meses de clube, oito jogos e uma lesão na panturrilha esquerda até que Luiz Henrique marcasse seu primeiro gol pelo Botafogo — o segundo na vitória de 3 a 1 sobre o Universitario-PER, na noite de quarta, pela Libertadores. A propósito, um gol de muita habilidade, seguido por uma corrida na direção do banco de reservas para uma comemoração que revelou alívio e a consideração do elenco pelo camisa 7.

Além do gol, Luiz Henrique teve uma atuação destacada no primeiro triunfo alvinegro na fase de grupos. A partir do momento em que Tiquinho saiu com uma lesão na coxa direita — a gravidade ainda não foi revelada — e Júnior Santos assumiu posição mais centralizada, Luiz assumiu a responsabilidade pela direita. As chances no primeiro tempo incluíram uma cabeçada por cima e um bom cruzamento para Savarino.

Na etapa final, quando Gregore roubou a bola e o venezuelano retribuiu a gentileza, Luiz Henrique driblou o goleiro e empurrou para as redes:

— Estava buscando, trabalhando muito. Graças a Deus, com muita frieza dentro da área, com esse gol lindo — disse após a partida.

O jogador foi a contratação mais cara da História do futebol brasileiro, adquirido do Real Betis-ESP no fim de janeiro, por um valor que pode chegar a 20 milhões de euros (R$ 106 milhões, na cotação da época). Porém, machucou-se logo na segunda partida, contra o Volta Redonda, pelo Carioca, em 14 de fevereiro.

Readaptação

Como o jogador nem havia tido tempo suficiente para se adaptar à nova equipe nos campos, a volta, contra o Boavista, em 31 de março, ainda parecia um começo. Nas últimas partidas, Luiz precisou percorrer o caminho de se condicionar para durar os 90 minutos em campo, o que aconteceu na estreia do Brasileirão, a derrota para o Cruzeiro. Ontem, ele só saiu para ser aplaudido pela torcida e reconhecido pelo treinador.

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— Trabalhou bem, aquilo que lhe competia. Tem que trabalhar para continuar a fazer gols, é isso que esperamos dele — disse Artur Jorge. — É um jogador de entrega total, todos os dias. Nos ajuda em termos de qualidade e de ambiente. É uma referência para os mais jovens, por tudo que representa. Espero que seja o primeiro de muitos gols.

O Botafogo vive sequência de três vitórias. No domingo, o alvinegro tem o clássico com o Flamengo, às 11h, no Maracanã. Ontem, o clube apresentou oficialmente o lateral-esquerdo Cuiabano, contratado semana passada.

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Paradisíaco, mas inseguro: veja ranking dos países mais perigosos do mundo, segundo estudo da ONU

O mundo é cheio de destinos paradisíacos, de beleza única, mas que em muitos casos, podem ser um risco para turistas. Em um novo estudo, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) selecionou países com altas taxas de atividades criminosas, diretamente ligadas aos elevados números de homicídios. Os locais com índices mais graves concentraram-se numa área do Caribe, um recanto paradisíaco com águas cristalinas.

O mais recente estudo do UNODC, criada em 1997 como uma agência “para combater as drogas ilícitas e o crime internacional”, elencou “os países mais perigosos do mundo”.

Recolhendo dados do ano de 2022, a pesquisa afirma que a maior parte dos homicídios é produto de atividades criminosas que, na maioria dos casos, utilizam armas ilegais contrabandeadas dos Estados Unidos, onde a taxa de homicídios é de apenas 6,4 por 100 mil habitantes. Os países que compõem o topo do ranking têm índices até cinco vezes maiores que os EUA.

1. Jamaica

A Jamaica está no topo da lista dos “países mais perigosos do mundo” com uma taxa de homicídios de 53,34 por 100 mil habitantes. Um total de 1.508 assassinatos foi registrado em 2022, quase dez vezes superior à média mundial (5,8). Só em janeiro de 2024 já foram contabilizados 65 homicídios no país centro-americano.

Em comparação, em 2021 a taxa de homicídios foi de 52,13 por 100 mil, número que vem aumentando desde 1990 e atingiu seu pico máximo em 2005, quando foram registrados 1.674 homicídios (62,54/100 mil).

É diferença gritante em comparação ao “o país mais seguro do planeta”: Mônaco, que em 2022 se destacou pela taxa zero de homicídios. A corrupção é um dos fatores que mais afeta regiões com altos índices de criminalidade. Em 2022, a Jamaica obteve 44 pontos no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) publicado pela Organização Internacional de Transparência.

2. São Vicente e Granadinas

Outro país caribenho ocupa o segundo lugar. Em 2022, São Vicente e Granadinas apresentou uma taxa de homicídios de 40,41 em cada 100 mil pessoas, o que se traduz num total de 42 assassinatos por ano. Um crescimento significativo em relação ao ano anterior, quando foram registrados 32 óbitos (30,67 a cada 100 mil), e ainda mais distante dos 11 homicídios contabilizados em 1990 (9,78 a cada 100 mil).

Esta monarquia parlamentar, que faz parte da Comunidade das Nações e da CARICOM (Comunidade do Caribe), tem uma população de aproximadamente 109.600 habitantes. De acordo com o relatório do Estudo sobre Armas de Fogo do Caribe de 2023, a taxa de mortes violentas nos países da Caricom é quase três vezes maior que a média global e mais da metade dos homicídios envolvem armas de fogo.

As guerras entre gangues criminosas, o tráfico de drogas e a proliferação de armas ilegais são a preocupação número um dos governos, que consideram a crescente violência na região uma verdadeira “epidemia”.

3. Trindade e Tobago

A República de Trindade e Tobago fecha o pódio com 605 homicídios registrados em 2022, uma taxa de 39,52 em cada 100 mil pessoas, outro salto alarmante em relação ao ano anterior, quando foram contabilizados 448 assassinatos (29,36 a cada 100 mil). Este é mais um dos países caribenhos onde a violência continua a aumentar quando se comparam as estatísticas de uma década atrás, com apenas 352 mortes.

“É uma guerra que não podemos perder”, declarou Keith Rowley, o primeiro-ministro de Trindade, afirmando que, nos últimos 15 anos, o orçamento da Segurança Nacional atribuído à vigilância policial aumentou 32%.

O Estudo sobre Armas de Fogo do Caribe também observa que o mercado dos Estados Unidos é uma importante fonte de armas e munições ilícitas que chegam à região através de diferentes meios de transporte aéreo e marítimo. Por esta razão, Trindade e Tobago, Antígua e Barbuda, São Vicente e Granadinas e Bahamas – que também aparece nesta lista – juntaram-se ao México para processar vários fabricantes de armas.

4. Santa Lúcia

Ao norte de São Vicente e Granadinas fica Santa Lúcia, outro dos países que compõem a Comunidade do Caribe (CARICOM), onde as taxas de homicídios não param de crescer desde a década de 1990, quando apenas um dígito foi registrado no número de mortes.

No último relatório do UNODC, a ilha caribenha registou 66 assassinatos anualmente, uma taxa de 36,7 em cada 100 mil pessoas, a grande maioria deles homens entre 25 e 44 anos.

“Na última década houve um aumento significativo de assassinatos, impulsionados em grande parte pela violência de gangues”, comentou Allen Chastanet, antigo primeiro-ministro de Santa Lúcia, agora líder da oposição no Parlamento: “A nossa polícia local não é capaz de lidar com estes problemas e não os abordamos como um problema regional”, acrescentou, deixando claro que a situação violenta não parece ter uma solução a curto prazo.

5. Honduras

Em 2022, foram notificados 3.661 homicídios em Honduras , uma taxa de 35,09 por 100 mil habitantes. Embora o número ainda seja elevado, a presidente Xiomara Castro pode sentir algum alívio, especialmente se compararmos com os números de uma década atrás, quando os índices de violência no país centro-americano indicavam que ocorria um assassinato por hora. Durante os anos do governo do presidente Porfírio Lobo (2010-2014), ocorreram 20.515 homicídios e a taxa atingiu seu pico histórico em 2011: 83,4/100 mil habitantes. Nesse mesmo período, mais de 20 jornalistas foram assassinados e 70% dos feminicídios ficaram impunes.

De acordo com a “Análise da segurança cidadã em Honduras para o primeiro semestre de 2023” – um estudo preliminar realizado pelo Ministério da Segurança, com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da Agência Internacional de Desenvolvimento dos Estados Unidos (USAID) –, entre janeiro e junho do ano passado os homicídios foram reduzidos em 13,7% (menos 261 vítimas) em comparação com o mesmo período de 2022, mas os jovens entre 18 e 30 anos continuam a ser as principais vítimas de homicídios (37,4% dos total).

6. África do Sul

A República da África do Sul ocupa o sexto lugar, com uma taxa de homicídios de 33,96 por 100 mil habitantes , segundo dados recolhidos pelo UNODC em 2020, quando foram reportados 19.972 assassinatos. As taxas de violência têm diminuído desde a década de 1990, quando os números ultrapassaram as 26 mil mortes anuais. No ano passado, uma média de 75 pessoas foram assassinadas por dia, enquanto uma média de 400 roubos ocorreram diariamente.

Grande parte do problema deve-se ao fato de o país ter uma atividade criminosa generalizada em indústrias como a mineração, a construção e os transportes. Outro ponto importante é que a África do Sul se tornou um centro de trânsito para drogas ilícitas do Afeganistão para a Europa.

7. Bahamas

De volta ao Caribe, as Bahamas ocupam a sétima posição no ranking dos “países mais perigosos do mundo”, com uma taxa de homicídios de 31,22 por 100 mil habitantes, totalizando 128 mortes.

O número corresponde a um pequeno aumento em relação ao ano anterior, quando foram notificados 119 homicídios (29,17 a cada 100 mil). Em 2022, o primeiro-ministro das Bahamas, Philip Davis, informou que 98,6% do total de armas de fogo ilegais recuperadas em seu país eram originárias dos Estados Unidos.

Desta forma, Davis juntou-se aos demais países que compõem a CARICOM para pedir ao governo dos EUA e aos fabricantes de armas sediados no país que cooperem com o Caribe para prevenir o problema. Por sua vez, no início deste ano, a Embaixada dos Estados Unidos nas Bahamas emitiu um alerta de segurança e um aviso aos seus viajantes depois de terem sido registados 18 assassinatos no mês de janeiro, muitos dos quais atribuídos à ação de diferentes gangues criminosas.

8. São Cristóvão e Nevis

A Federação de São Cristóvão e Nevis é o menor país do continente americano, tanto em tamanho quanto em população, mas isso não a isenta de aparecer na lista com uma taxa de homicídios de 29,41 por 100 mil habitantes. Em 2021, este microestado caribenho reportou 14 assassinatos, um número significativamente inferior ao pico atingido há uma década (34 mortes), mas ainda longe dos anos 90, quando os números não ultrapassavam um dígito anualmente.

9. Belize

Belize é o último país centro-americano da lista. Em 2022, registrou uma taxa de homicídios de 27,88 por 100 mil habitantes, um total de 113 homicídios anuais e uma ligeira diminuição em relação a 2021, quando a taxa foi de 31,25. De acordo com o departamento de polícia local, “a maior parte da violência provém da atividade de gangues, que inclui o tráfico de drogas e de seres humanos, a proteção de rotas de contrabando e a segurança de território para o tráfico”.

Apesar disso, as taxas de criminalidade ainda são inferiores às de países vizinhos como Honduras, mas superiores às da Guatemala (19,99) e de El Salvador (7,83). Em 2019, 58% dos assassinatos ocorreram como resultado de guerras de gangues.

10. Equador

Segundo o relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, o país mais perigoso da América do Sul é o Equador, com uma taxa de homicídios de 26,99 por 100 mil habitantes. Em 2022, foram registrados 4.859 mortes, impulsionadas pela recente escalada da violência de gangues locais. Embora a república tivesse algumas das taxas de criminalidade mais baixas da região em 2019 (6,84), as autoridades asseguram que os gangues de tráfico de droga assumiram gradualmente o controle do país.

CEO da Agrosmart: ‘Técnica do trabalho pode ser aprendida, busco habilidades para o futuro’

Ter um perfil de aprendizagem, avançando para além da técnica, com tempo dedicado a projetos sociais, marketing digital e tecnologia, por exemplo, leva um profissional mais longe, porque são habilidades que apontam para o futuro do trabalho, avalia Mariana Vasconcelos, cofundadora e CEO da Agrosmart, startup voltada para a transição tecnológica do agronegócio.

Aos 32 anos, a empreendedora — especialista em agricultura digital e com nomeações como a de Jovem Líder Global pelo Fórum Econômico Mundial — é a entrevistada desta semana de Palavra de CEO, série do GLOBO do projeto Tem Que Ler, de conteúdos exclusivos para assinantes. E que mostra como líderes de empresas de diferentes portes, perfis e vocação enxergam o profissional ideal para mercado que está por vir.

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A administradora sublinha ter enfrentado, por ser mulher, desafios para colocar sua solução no mercado, ser respeitada e levantar investimento. E conta como lidou com retaliações num setor conservador ao promover debate sobre diversidade no mês do orgulho LGBTQIAP+. Ela diz que a vida é curta para se trabalhar com quem é chato, reforçando a importância da empresa ter um bom ambiente.

Para Mariana, à frente de uma startup que atua junto a mais de cem mil produtores na América Latina, eleger um sócio investidor “é igual a eleger marido”. Neste primeiro vídeo, de perguntas como “Remoto, presencial ou híbrido?”, ela fala dos desafios de ter empreendido tão jovem.

CONTRATAÇÃO IRRESISTÍVEL: “Quem desenvolveu habilidades para o futuro do trabalho, como projetos sociais, marketing digital, programação”

Eu gosto bastante de perfis de pessoas que têm uma experiência combinada, onde além daquilo que ela fez na tarefa, no cargo em específico, também desenvolveu habilidades que são requeridas para o futuro do trabalho, o que essa pessoa fez em termos de projetos sociais, marketing digital, ferramentas de programação.

Ou seja, como, além da caixinha, essa pessoa buscou se desenvolver em habilidades que vão contar para o futuro, porque eu acho que a técnica do trabalho pode ser aprendida e desenvolvida, mas esse perfil de aprendizagem, de pessoas que gostam de buscar novos conhecimentos, de explorar o que vai além do escopo, é interessante.

Eu sei que com essas habilidades esse profissional vai conseguir aprender e descobrir caminhos para a evolução do nosso negócio.

CRESCIMENTO PROFISSIONAL: “Investir, se familiarizar com ferramentas de IA, incorporá-las em rotinas de trabalho”

Vamos falar de inteligência artificial. Para alguém que está começando a trabalhar é essencial aprender e se familiarizar com ferramentas, independente da área em que a pessoa atua, porque essa ferramenta, como a inteligência artificial generativa, o ChatGPT, por exemplo, vai criar um gap (lacuna) muito grande entre quem usa e quem não usa.

Eu recomendaria investirem, se familiarizarem com essas ferramentas, incorporá-las nas rotinas de trabalho. Quanto mais essas pessoas desenvolverem essas habilidades, de saber programar, de saber fazer análise de dados, eu acho que tudo isso é rico para qualquer área de trabalho.

TIME DE SUCESSO: “Fundamental para o convencimento na hora de trazer pessoas é estar conectado com propósito”

Tivemos vários casos de pessoas que fizeram carreira em multinacional, chegaram a cargos de bastante sonoridade e resolveram vir trabalhar em uma startup. E o principal fator que incentiva essa mudança está conectado com propósito.

Às vezes, (a pessoa diz:) “eu sempre performei, fiz aqui uma carreira, mas algo falta em mim, eu queria deixar um impacto maior para o mundo”. Eu acho que é buscar essa conexão com o que alimenta aquele ser humano, além daquele profissional, e buscar empresas que eventualmente estão endereçando essa dor.

A agricultura tem muitas (pessoas que pensam) “eu quero me conectar com a natureza”, “eu quero gerar um impacto no meio ambiente maior”, “eu quero garantir a segurança alimentar”. Isso foi fundamental até para o meu convencimento para trazer essas pessoas para nossa equipe, de como que a gente transfere aquela experiência de um cenário mais estruturado para um que é muito mais dinâmico, ágil, mas que eu sei que vai conseguir se encaixar através desse propósito.

DIVERSIDADE: “Permite entender um problema por diversas lentes, e isso traz soluções mais ricas”

Tem que ser prioridade dentro das companhias. A diversidade permite ter melhor perspectiva de um problema, entender esse problema por diversas lentes, e isso traz soluções mais ricas. Tem que ser prioridade do time de gestão garantir que a composição da equipe traga diversidade de gênero, de etnia, racial, etária inclusive, para poder entender melhor.

Depois, é trazer educação, consciência, falar do assunto, introduzir a oportunidade de se trabalhar na diversidade no dia a dia do profissional. Porque existe, e a gente já passou por isso, gap geracional. E existe uma mudança de como cada pessoa enxerga a diversidade, as respostas. E trazer esse assunto à tona, incluindo as dúvidas e as inseguranças, é super importante para a gente se conectar melhor como ser humano. A gente buscou compor a nossa equipe tendo isso como um valor.

Eu sofri muitos desafios como mulher na liderança para conseguir introduzir a minha solução no mercado, para ser respeitada, para levantar investimento. E a gente tenta colocar isso em evidência dentro da nossa equipe para reforçar que existe o espaço, que precisa tentar e ir dando espaço para outras minorias (em representação) dentro e fora da organização, para a gente trazer o tópico à tona.

A gente também aprendeu, e principalmente no agronegócio, quando trouxe alguns pontos de diversidade, como no mês do orgulho LGBTQIAP+. A gente sofreu muita retaliação dentro de um mercado tradicional e conservador. E sempre escolheu ser essa liderança que respeita, traz a discussão para dentro dos espaços que a gente convive.

COMO LIDAR COM CRISES: “Nessa hora, o foco é rei. Vão cair pratos. Tem que escolher que prato que vai cair”

A gente vem vivendo um momento de escassez de capital e que coloca muita pressão no nosso setor de tecnologia, que foi bastante afetado e no qual é momento de atenção e de dar um gás. Como que a gente direciona energia, foco da melhor maneira possível?

Nessa hora, o foco é rei. Vão cair pratos (numa alusão ao equilibrista rodando pratinhos). Tem que escolher que prato que vai cair, para onde que a gente vai direcionar energia para que a gente consiga o melhor resultado.

Importante saber quais os 20% de esforço que vão gerar 80% do resultado, além de que todo mundo esteja alinhado neste foco para a gente poder redistribuir o peso. Se é escassez, não tem recurso, não tem pessoas, como que a gente realiza as prioridades? Escolhe poucos focos para que todo mundo consiga direcionar a energia.

Eventualmente, no momento de escassez e crise, a gente vai ter que trabalhar com maior intensidade, mais horas. E aí é a hora mais importante de levantar a mão quando precisar parar. E descansar. Porque, se não descansar, não vai conseguir manter esse gás que a gente precisa. E há o efeito. Tem que tirar férias, sim. Tem que tirar lua de mel. A vida não para porque a gente está no momento de crise, de escassez. A comunicação é fundamental para que a gente trabalhe como uma equipe e não deixe o peso em uma pessoa só.

COMO ATRAIR INVESTIDORES: “Eleger um sócio é igual a eleger marido ou esposa. Como é o relacionamento quando as coisas estão difíceis?”

A prioridade é não pensar somente no recurso financeiro. Existe capital disponível e de diferentes frentes. E, além de no capital de investimento, na companhia, a gente precisa pensar o que essa pessoa traz para mesa, além do dinheiro.

O que essas pessoas trazem para mesa, do ponto de vista estratégico do negócio? Ele vai virar um cliente ou ele consegue ser um canal de aquisição de clientes no mercado, ele entende muito de uma tecnologia, de um produto que vai me trazer um diferencial competitivo no mercado. Isso é importante.

Mas também como ele é como pessoa. Eu gosto de conviver com essa pessoa? Existe essa energia, essa facilidade na comunicação, no diálogo, na convivência? O que que outros fundadores (de outros negócios) que foram investidos por essa empresa dizem? Como eles (os investidores) se comportam na hora que está difícil? Na hora que a gente tem uma crise?

Eleger um sócio é igual a eleger marido ou esposa. A gente vai conviver por um longo período de tempo. Como é o relacionamento quando as coisas estão difíceis? Como é a divisão de responsabilidades dentro de casa, do que cada um assume, performa? Quais são esses combinados? São reflexões importantes. Muito além do quanto de dinheiro alguém vai colocar numa empresa, é como que essa dinâmica de convivência vai acontecer e onde agrega valor para o desenvolvimento profissional e para a convivência pessoal.

PARA ATUAR NUMA AGRITECH: “O quanto essa pessoa já começou da jornada por si? A pessoa é curiosa? Ela testou a ferramenta?”

Quase toda empresa de tecnologia resolve um problema e, muitas vezes, esse problema não nasce na tecnologia. Ele nasce no dia a dia, na rotina. No caso da agricultura, no dia a dia do campo. Então, não precisa entender de tecnologia para trabalhar numa empresa de tecnologia. Precisa, talvez, entender do problema ou de uma área do conhecimento específica, seja agronômica, de marketing, de venda, em que vai trazer uma técnica que eventualmente possa ser digitalizada.

O que eu recomendo e é muito do que a gente faz, porque a gente tem muitas pessoas que vêm de empresas tradicionais do mercado de agronomia, de negócios, é que a gente acaba inserindo essa mentalidade de digitalização, de tecnologia em tudo que faz.

Minha dica para quem está começando e também sobre o que faz um candidato irresistível é: o quanto essa pessoa já começou da jornada por si? Não é necessário, mas a pessoa é curiosa? Ela testou a ferramenta? Ela tem algum projeto de hobby ali no dia a dia?

É muito importante que todas as áreas consigam adquirir a mentalidade, as ferramentas para ter uma produção de trabalho mais eficiente e com melhor qualidade. Mas não é um pré-requisito. Ela pode aprender no caminho.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS: “Onde tem problema tem oportunidade. Existe um espaço enorme para inovação, para o desenvolvimento de negócios”

Se a gente enxerga isso como um problema, é importante entender que onde tem problema tem oportunidade. Existe um espaço enorme para inovação, para o desenvolvimento de negócios que são feitos de achar e resolver um problema. Existe muita oportunidade dentro do agro. É dos setores com bastante potencial de impacto.

Eu vejo o agronegócio, em específico com as mudanças climáticas, como parte da solução, porque ele é um dos poucos setores da economia que tem capacidade não só de mitigar as emissões, mas de absorver o carbono da atmosfera e de regenerar o meio ambiente.

Tem um papel nas emissões dos gases de efeito estufa que intensificam aquecimento global e isso precisa ser endereçado. E tem um papel porque depende do clima, já que grande parte da produção agrícola é a céu aberto. Se tem eventos climáticos extremos como vêm acontecendo, o agro é afetado, ele não produz. Isso é uma crise de redução alimentar. Então ele está ligado com o clima tanto na parte de investigação quanto de resiliência e adaptação. Precisa ser resiliente para produzir.

A necessidade de adoção de modelos de produção mais sustentáveis é muito importante. Mas isso não é uma punição, é uma oportunidade porque a natureza e o agro não são excludentes. Pelo contrário, o agro usa a natureza e pode regenerar e melhorar a natureza através da sua produção.

O agro tem um efeito líquido positivo e que não é só o de minimizar o efeito negativo. Sou muito otimista com esse potencial que nós temos como país de liderar essa transição e não só ajudar a resolver a crise climática, mas partir para um ponto melhor de regeneração e recuperação dos nossos ecossistemas. É possível produzir, ter renda e, ao mesmo tempo, proteger, recuperar e regenerar o nosso meio ambiente.

COMPETITIVIDADE: “A vida é muito curta para se trabalhar com quem é chato. Ser um bom lugar é um diferencial”

Ser um bom lugar para trabalhar, onde as pessoas consigam respeitar a sua própria versão e ser mais próximo da sua essência, é razão para estar e querer ficar (na empresa). Ser esse ambiente seguro muitas vezes é visto como um benefício, inclusive maior que a remuneração financeira. A geração mais jovem vem colocando cada vez mais essa qualidade (como destaque).

Esses dias, vi um meme na internet e que eu achei legal, que diz que a vida é muito curta para a gente trabalhar com quem é chato. Ter essa qualidade em que a gente se diverte no trabalho, convive com pessoas que são agradáveis e que a gente gosta é a cultura. E ela é muito importante para selecionar aqueles alinhamentos com quem a gente gosta de estar, o meio que a gente respeite os valores e as diferenças entre cada um, mas ainda assim se divirta. Isso é um diferencial combustível para atrair talento.

Sempre que a gente vê uma iniciativa, antes de sair fazendo, pergunta para nossa equipe se esse tipo de benefício, essa atividade os energiza. Esse diálogo entre o que esse time valoriza, entre um pacote de benefício de remuneração e de atividades é importante na hora de definir esse ambiente competitivo que vai atrair talentos.

TRABALHO E VIDA PESSOAL: “Exponho para o meu time os meus pais, o meu marido, as minhas dúvidas, minhas aflições pessoais”

Esse é um grande desafio da geração e principalmente para nós mulheres. Não tem resposta certa. O que eu recomendo e o que a gente trabalha é que cada um encontre esse equilíbrio, o que funciona para eles (colaboradores).

A maneira que eu encontrei é não ter separação da vida pessoal e da vida profissional. Eu trago a minha vida e a minha família para o meu trabalho e vice-versa. Então eu exponho para o meu time os meus pais, o meu marido, as minhas dúvidas, minhas aflições pessoais.

Eu tenho uma agenda: esse é o momento da família, esse é o da academia, esse é o da terapia. E se esse momento é 2h da tarde, 3h da tarde, não tem problema. A gente tem essa transparência de estar focado naquelas coisas que são importantes para o nosso equilíbrio pessoal naquele momento.

A minha resposta foi juntar tudo, e sou muito transparente quando estou priorizando a minha família, as minhas questões pessoais ou quando eu estou mais focada no trabalho.

TRABALHO E SAÚDE MENTAL: “Se quero chorar, eu choro. Se estou sendo vulnerável, todo mundo pode ser”

É prioridade. Eu começo com meu papel como liderança de ser vulnerável, de compartilhar o meu momento, a minha história, como eu estou me sentindo, para que as pessoas sintam segurança de que elas também podem (fazer isso).

Tem dias em que estou muito ansiosa. Se quero chorar, eu choro. Ou estou com dor de cabeça e vou cancelar as minhas reuniões. Busco trazer para minha equipe o que eu estou pensando e o que estou sentindo para mostrar que, se eu estou sendo vulnerável, todo mundo pode ser.

E a gente estimula o respeito aos próprios limites, muito mais do que uma regra e um espaço definido. Cada pessoa é diferente, tem um limite próprio do quanto pode trabalhar, do que a energiza ou desenergiza. É criar espaço seguro para que as pessoas possam ser quem elas são e respeitar o limite diferente de cada um. Formalmente, a gente também incentiva, através do nosso pacote de benefícios, a adesão à terapia, seja psicólogo, processos de coaching para ter esse acompanhamento constante.

Tem um espaço para a gente encontrar como respeitar o limite de cada um sem deixar de olhar o lado da empresa. Porque um desafio que temos como startup é que, diferentemente de uma grande organização, a gente às vezes tem um para cada função. Existe esse espírito de equipe que, muitas vezes, redistribui, se reorganiza temporariamente para conseguir apoiar a pessoa que está precisando naquele momento.

Tite x Carpini: jogo entre Flamengo e São Paulo é marcado por confronto de gerações no Maracanã

De tempos em tempos, é levantado o debate sobre a necessidade de novos treinadores aparecerem para refrescar ideias e táticas do futebol brasileiro. Em janeiro, o São Paulo contratou Thiago Carpini apostando em seu potencial, chegando para substituir Dorival Júnior após um 2023 de destaque à frente de Água Santa (SP) e Juventude. Poucos meses depois, porém, o segundo técnico mais jovem da Série A balança no cargo, e terá um desafio que pode ser determinante nesta noite, contra o Flamengo de Tite, no Maracanã. Do outro lado, um dos mais experientes do assunto no Brasil.

Aos 62 anos — segundo mais velho da Série A, atrás apenas de Ramón Díaz (64) —, o gaúcho Tite teve origem parecida, ao se destacar no Caxias (RS), onde foi campeão estadual, em 2000. Logo depois, a chegada a um gigante nacional, o Grêmio, rendeu os títulos da Copa do Brasil e do Estadual no ano seguinte. A sequência na década foi irregular, mas os trabalhos em Corinthians e seleção brasileira dispensam apresentações.

Vice-campeão paulista no ano passado com o Água Santa e vice da Série B no ano passado com o Juventude, Carpini começou bem no São Paulo, ao vencer a Supercopa do Brasil em cima do Palmeiras, nos pênaltis, após empate sem gols. Contudo, um título de caráter quase festivo conquistado em uma partida só já parece não fazer parte da memória tricolor.

Cargo em perigo

Após a eliminação precoce nas quartas de final do Campeonato Paulista, para o Novorizontino, e a derrota para o Fortaleza na estreia, um novo revés hoje pode significar sua demissão, já que a diretoria não sinaliza mais dar respaldo, e a torcida não poupou vaias no Morumbi. Tite não tem nada a ver com isso e traz o Flamengo em busca de sua segunda vitória, na sequência da estreia com triunfo sobre o Atlético-GO.

Porém, a equipe rubro-negra ainda precisa apresentar um desempenho que esteja à altura da qualidade do seu elenco. O título do Carioca contrasta com atuações abaixo da crítica no último jogo, e contra Millonarios-COL e Palestino-CHI, pela Libertadores.

O jogo contra o São Paulo será o primeiro de uma maratona difícil, que ainda terá Palmeiras, Bolívar, Botafogo e Bragantino. Principal treinador do país nos últimos anos, Tite tem uma carreira consolidada o suficiente para fazer ajustes. O treinador manda a campo praticamente o mesmo time que iniciou a partida em Goiânia, mas sem Viña, fora após ter sofrido um choque na cabeça.

Do outro lado, Carpini tenta estender seu tempo no primeiro grande desafio da carreira, mas parece cada vez mais isolado. Hoje, terá o desfalque de James Rodríguez, com dores musculares, mas Ferreira retorna.

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Aliados e adversários de Seif apostam no mesmo placar para julgamento de cassação

Tanto aliados quanto adversários do senador bolsonarista Jorge Seif (PL-SC) arriscam o mesmo placar para o julgamento que pode levar à cassação do parlamentar por abuso de poder econômico na campanha de 2022, marcado para esta terça-feira (16) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Dos dois lados, a previsão é a de que a análise do caso divida o plenário ao meio, com um resultado apertadíssimo de 4 a 3 – pela absolvição, no caso dos aliados de Seif, ou pela cassação, na conta dos adversários.

A dúvida é saber quem dará o voto decisivo para selar o resultado e em qual direção.

No mapeamento de votos dos dois lados a posição da vice-presidente do TSE, Cármen Lúcia, é considerada uma incógnita, o que a alçou ao posto de “fiel da balança”. A ministra será a terceira a votar no plenário, após se manifestarem o relator, Floriano Azevedo, e o ministro André Ramos Tavares.

Como Azevedo, Ramos Tavares e Cármen Lúcia votam em sequência, o início do julgamento já deve dar indicativos do resultado final, na avaliação de fontes que acompanham o caso de perto.

Já do lado conservador, Kassio, Raul e Isabel Gallotti indicaram que devem ir pela absolvição do parlamentar.

Como o ministro Alexandre de Moraes é tido como voto certo pela cassação, o lado para o qual Cármen pender deverá ser o vencedor.

Segundo a equipe da coluna apurou, Azevedo já compartilhou seu voto pela cassação com os colegas há alguns dias. No voto, ele defendeu também a convocação de novas eleições para definir quem fica com a vaga de Jorge Seif.

Os advogados de Raimundo Colombo, que ficou em segundo lugar na eleição para o Senado em 2022 e entrou com a ação na Justiça Eleitoral contra Seif, tentam emplacar a tese de que ele, o segundo colocado na disputa, é quem deveria assumir o cargo.

Na ação, a coligação de Colombo, formada por Patriota, PSD e União Brasil, diz que Seif deve ser cassado por supostamente usar a frota aérea da varejista Havan de Luciano Hang, além de sua equipe de funcionários, mobilizando a estrutura da empresa para alavancar a sua candidatura.

Azevedo e André Ramos Tavares são ministros da órbita do presidente do TSE, Alexandre de Moraes, que também costuma contar com o apoio de Cármen para prevalecer a sua posição em julgamentos no plenário.

Para interlocutores de Seif, Moraes fez questão de julgar a ação contra o senador bolsonarista antes de deixar a presidência do TSE, em 3 de junho, com o objetivo de deixar registrado o voto pela cassação.

Na prática, o julgamento deve escancarar as divisões internas da Corte, que atualmente se divide entre o “grupo de Moraes” e “ala conservadora”, mais próxima do bolsonarismo.

Conforme informou o blog, a correlação de forças no TSE será alterada a partir de junho, com o fim do mandato de Moraes, e a efetivação do conservador André Mendonça, hoje ministro substituto, na composição titular do tribunal.

A troca de Moraes por Mendonça deve produzir impactos em casos que devem ser julgados pelo TSE só no segundo semestre, como as ações contra o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) por abuso de poder econômico, caixa 2 e uso indevido dos meios de comunicação nas eleições de 2022.

Na semana passada, Moro foi absolvido por 5 a 2 pelo TRE do Paraná. Seif também teve um cenário tranquilo no tribunal regional.

Em novembro do ano passado, o senador bolsonarista foi absolvido por unanimidade, pelo Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC), que concluiu não haver provas suficientes para caracterizar o abuso de poder econômico.

Seif tem mobilizado aliados no Senado para tentar impedir a cassação pelo TSE. Nos últimos dias, o senador não só procurou colegas para pedir apoio como pediu a eles para convencer ministros da corte eleitoral a votar contra sua cassação.

Os parlamentares estão também buscando magistrados de outras cortes e interlocutores dos ministros do TSE para pedir que saiam em defesa de Seif junto aos integrantes da corte, rechaçando as acusações e alegando que a ação contra ele é uma “injustiça”.

Seif saiu do pleito de 2022 com 1,48 milhão de votos, o equivalente a 39,79% dos votos válidos de Santa Catarina e mais do que a soma das votações do segundo colocado, Colombo (608 mil) e do terceiro, o ex-senador Dário Berger (605 mil).

À equipe da coluna, o senador bolsonarista já afirmou que, se for cassado pelo TSE, os eleitores catarinenses vão escolher outro conservador para o seu lugar. “Vão trocar seis por meia dúzia”, afirmou. O parlamentar nega as acusações.

Regulação da inteligência artificial no Brasil caminha a passos lentos

A discussão da regulamentação da inteligência artificial (IA) no país avança lentamente. Em março, países da União Europeia, bloco formado por 27 Estados, aprovaram a primeira lei global com regras amplas para uso e desenvolvimento da tecnologia. No Brasil, apesar das boas intenções em legislar, não há consenso sobre o tema, que ainda é uma folha em branco.

Se por um lado, os benefícios do avanço da tecnologia se fazem cada vez mais presentes no dia a dia, é preocupante o mau uso da ferramenta para fins criminosos. Para especialistas e congressistas ouvidos pelo Correio, a aprovação de normas gerais, além de prever o uso seguro da IA, deve se atentar aos direitos fundamentais, a não discriminação e a não reprodução de injustiças sociais, ao uso seguro atrelado ao desenvolvimentos científico e tecnológico e aos impactos da automação no mundo trabalhista.

No início deste mês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o país terá uma regulamentação sobre o tema e que deverá ser lançada em junho, durante uma conferência nacional. O plano de uso da tecnologia está em fase de elaboração pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT). “Até lá (todos) estão desafiados a apresentar um projeto de IA para a gente não ter que copiar de outro país as coisas importantes que precisamos”, disse o petista. O intuito do chefe do Executivo é apresentar, durante discurso na abertura da 79ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro, um projeto genuinamente brasileiro de IA.

Em março, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação e vice-presidente do CCT, Luciana Santos, apontou que a pasta já colocou sob revisão a Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial e que o conselho vai apresentar um plano, com metas, objetivos e prazos a serem alcançados, incluindo desde investimentos em supercomputadores até a capacitação humana dentro do processo.

A deputada federal Nely Aquino (Podemos-MG), presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação da Câmara dos Deputados, destaca que regulamentar a inteligência artificial no Brasil é crucial para estabelecer diretrizes éticas para o desenvolvimento, garantindo transparência e responsabilidade nas decisões algorítmicas.

“É importante assegurar que a IA respeite os direitos fundamentais, evitando discriminação e violações de privacidade, promover um ambiente propício à inovação, incentivando o desenvolvimento de tecnologias de forma responsável e sustentável. Regular a IA pode ajudar a mitigar o impacto da automação no mercado de trabalho, garantindo uma transição mais suave e oportunidades de capacitação para os trabalhadores afetados”, pontua.

O deputado federal Julio Cesar (Republicanos-DF), suplente da comissão, aponta, por sua vez, que o documento a ser criado deve prever, entre as diretrizes, temas como inclusão digital, inovação e pesquisa e segurança cibernética, além de questões específicas do período eleitoral.

“É fundamental promover programas que garantam a inclusão digital, proporcionando acesso a dispositivos e treinamento em habilidades digitais para todos os cidadãos, independentemente da localização ou da condição socioeconômica. Também é preciso incentivo ao desenvolvimento de pesquisa e inovação em tecnologia, visando impulsionar a economia digital e encontrar soluções tecnológicas para os desafios enfrentados pelo país.”

Além disso, o parlamentar reforça a implementação de políticas e medidas de segurança para proteger infraestruturas críticas e dados sensíveis e a privacidade dos cidadãos contra ameaças cibernéticas. Em relação à necessidade de legislação específica para as eleições, ele acrescenta que a regulamentação deveria abordar questões cruciais, como a proteção dos dados dos eleitores e a prevenção da disseminação de fake news e desinformação on-line, bem como garantir o uso ético e responsável da tecnologia durante as campanhas eleitorais.

“Essas medidas são essenciais para garantir eleições transparentes, seguras e justas, além de promover o acesso equitativo à tecnologia e à informação em toda a sociedade”, finaliza.

No Senado, a regulamentação da nova tecnologia está sendo proposta a partir do projeto de lei (PL) nº 2338 de 2023, de autoria do presidente da Casa, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e está na Comissão Temporária Interna sobre Inteligência Artificial no Brasil.

Em carta aberta ao Congresso a respeito do Marco Regulatório da Inteligência Artificial no Brasil, entidades defendem que o assunto deve ser debatido “com alternativas de regulação para a tecnologia que estejam alinhadas com a experiência normativa brasileira”.

O documento pede que os congressistas observem o ordenamento jurídico brasileiro que já estabelece alguns direitos e deveres quanto ao uso de IA, considerando que a criação de novas legislações pode ser conflitante com as existentes, e que seja feita uma análise econômica dos impactos regulatórios.

Professor e advogado especializado em direito digital e proteção de dados, Fabricio Mota ressalta que o PL é fundamental para navegar nos desafios e oportunidades apresentados pela IA, destacando a importância de uma abordagem baseada em riscos e direitos. “Ele propõe a proibição de sistemas de IA de risco excessivo, reconhecendo que certas aplicações podem ameaçar os direitos fundamentais dos cidadãos e que, portanto, devem ser estritamente reguladas ou proibidas. Uma característica central do projeto é a categorização de sistemas de inteligência artifical considerados de alto risco, estabelecendo obrigações específicas sobre esses sistemas para proteger as pessoas afetadas por suas operações”, explica.

No aspecto de governança e transparência, a proposta ressalta a importância de avaliações de impacto algorítmico e de mecanismos de fiscalização para assegurar que as entidades que utilizam IA estejam em conformidade com a legislação proposta. Isso visa não apenas a proteção dos direitos individuais, mas a promoção de um ecossistema de inteligência artifical ético e transparente.

Para a eleição municipal de outubro deste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem enfoque especial nas deepfakes. Bruna Borghi Tomé, sócia na área de direito eleitoral empresarial de TozziniFreire, ressalta que, com a dinamicidade da evolução tecnológica, é ideal que a eventual regulamentação estabeleça diretrizes gerais, sob pena de se tornar defasada com o tempo. “Também é importante considerar e manter compatibilidade com outros normativos que incidem na discussão como, por exemplo, o Marco Civil da Internet e a Lei Geral de Proteção de Dados.”

Este ano, o TSE já divulgou o texto alterado das resoluções, prevendo, entre outros, que os chatbots não podem simular um diálogo direto com a pessoa do candidato(a) ou com outra pessoa real; os conteúdos editados com uso de recurso de IA para além de ajustes de qualidade, produção de elementos gráficos de identidade visual ou recursos de marketing costumeiro, necessariamente precisam apresentar uma rotulagem ou uma indicação de que houve utilização dessa tecnologia e os chamados “deep fakes” de vídeo e áudio estão expressamente proibidos.

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De volta à estaca zero com 7º treinador em 2 anos de SAF, Botafogo e Cruzeiro estreiam no Brasileiro

A trajetória do Botafogo no Brasileirão começará num confronto entre equipes que voltaram à estaca zero a esta altura da temporada. Na quinta-feira, mesmo dia em que Artur Jorge estreou com derrota (1 a 0) para a LDU, pela Libertadores, o técnico Fernando Seabra fez sua primeira partida no comando do Cruzeiro: empate amargo por 3 a 3 com o Alianza Petrolera, pela Sul-Americana, após estar vencendo por 3 a 0. A partir das 17h deste domingo, as equipes se encontram no Mineirão em mais um esforço para voltar aos trilhos com o trem já em movimento.

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Saiba tempo de recuperação: Rafael, do Botafogo, sofre nova lesão no joelho e fratura a patela Veja a análise do Extra: Favoritos de sempre, incógnitas e desconfiança sobre grandes; começa o Brasileirão

Há pontos em comum entre os adversários. Ambos são SAF desde 2022, mas seguem vivendo inconstâncias à beira do campo. Textor e Ronaldo, os donos, estão indo para o sétimo treinador no período, o que impede uma avaliação verdadeira de seus projetos esportivos.

Técnicos da SAF Botafogo (efetivos ou interinos escolhidos pela gestão Textor)

Luís Castro Bruno Lage Cláudio Caçapa Lúcio Flávio Tiago Nunes Fábio Matias Artur Jorge

Técnicos da SAF Cruzeiro (efetivos e interinos escolhidos pela gestão Ronaldo)

Paulo Pezzolano Pepa Fernando Seabra Zé Ricardo Paulo Autuori Nicolás Larcamón Fernando Seabra

No alvinegro, o português demonstrou algumas ideias em Quito a que pretende dar sequência, como um setor ofensivo com quatro homens. Na prática, um 4-4-2 , com dois deles atuando fixos na linha de frente e os outros dois construindo pelos lados e por trás.

— Nós procuramos, depois de algum tempo de trabalho, que não foi muito, trazer uma ideia de jogo com uma característica que pretendemos implementar — disse Artur.

O tempo tem sido realmente curto. Após fazer trabalhos de recomposição na sexta-feira, a delegação viajou diretamente do Equador para Belo Horizonte, onde realizou um treinamento no sábado. Alguns jogadores podem ser poupados por conta do desgaste.

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Crise na Petrobras: liminar que tirou presidente do conselho expõe divergências no colegiado

A liminar da Justiça Federal de São Paulo que afastou Pietro Mendes da presidência do conselho da Petrobras deixou o governo em minoria no colegiado, o que faz com que a União enfrente uma corrida contra o tempo para derrubar a decisão. O conselho da Petrobras conta com 11 nomes. Seis deles são indicados pelo governo, incluindo o presidente da estatal, Jean Paul Prates.

Outras quatro vagas são de conselheiros que representam os minoritários. E há uma conselheira em nome dos trabalhadores. Na semana passada, outra decisão judicial já havia afastado Sérgio Rezende do colegiado, que foi indicado pela União.

Com a suspensão de Mendes, o governo passou a ter apenas quatro representantes. Na sexta-feira, a Advocacia-Geral da União e a Petrobras recorreram da decisão.

Nos últimos meses, o conselho da Petrobras foi palco de divergências entre seus integrantes. Entre os temas divisivos estavam os planos de investimento da estatal, a estratégia rumo à transição energética — com a defesa do presidente da Petrobras de investir em eólicas offshore — e o pagamento de dividendos extraordinários, fator que se transformou em uma crise no governo e resultou em discussões no Planalto sobre troca no comando da empresa.

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Ontem, um dos representantes dos acionistas minoritários chegou a tentar articular a convocação de uma reunião extraordinária para eleger um novo presidente do conselho, mas a proposta foi recusada pelos conselheiros indicados pela União.

Mendes foi afastado com a avaliação de que haveria conflito de interesse por ocupar o cargo de secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, ao qual a Petrobras está subordinada.

Pagamento de dividendos

O governo trabalha para derrubar a liminar antes do dia 19, quando está marcada a reunião do Conselho de Administração. Se até lá Mendes não for reconduzido ao cargo, a eleição do novo comando precisa ocorrer nessa data, de acordo com o estatuto da companhia.

A regra é que o presidente do colegiado precisa ser escolhido na reunião ordinária seguinte à vacância do cargo. Nesse quadro, a nova liderança é escolhida entre os próprios integrantes do colegiado, exceto Prates, por ocupar a presidência da empresa.

Era esperado que o tema distribuição de dividendos extraordinários fosse discutido nessa reunião. Caberia aos integrantes do colegiado fazer a recomendação da proposta que pode ser votada pelos acionistas em assembleia geral no dia 25.

No governo, auxiliares do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa, contam votos com o temor de que a situação leve à recomendação de que se deve distribuir 100% dos recursos em caixa.

Caso Prates volte a se abster sobre o tema, como fez na última votação, o governo correria o risco de ficar com a votação empatada. A regra é que o desempate cabe ao presidente do colegiado, seja quem for o ocupante do cargo naquela data.

A origem da crise dos dividendos extraordinários é a preocupação do governo em garantir que a Petrobras tenha fôlego para investir. Após a turbulência, foi formado um consenso no governo de que seria possível distribuir aos acionistas 50% dos ganhos.

De acordo com uma fonte a par das discussões, a reunião do dia 19 ainda não tem uma pauta. Diante da incerteza, o governo não decidiu se vai enviar a proposta ao conselho para fazer essa recomendação ou se vai enviar diretamente para a Assembleia Geral de Acionistas no próximo dia 25. Levar o tema diretamente à assembleia não exclui todos os riscos. O papel do conselho é de recomendação apenas.

‘Interesses convergentes’

Em tese, o governo poderia indicar dois nomes de conselheiros para uma espécie de “mandato tampão”, mas a ideia foi descartada porque a assembleia de acionistas será no fim do mês. Em geral, a análise de indicações em linha com as regras de governança da estatal leva mais de um mês.

Cabe ao presidente do conselho a função de definir a pauta das reuniões, solicitar informações da companhia, pedir estudos e apresentações à diretoria.

Ontem, em evento no Rio, Silveira afirmou que decisão judicial se cumpre e que cabe ao governo recorrer, já que é decisão de primeira instância:

— Vejo com naturalidade de quem acredita na democracia. Tenho absoluta convicção de que ninguém é insubstituível, mas que é imprescindível a contribuição do profissional Pietro, não só para a Petrobras, mas também para todo o setor de petróleo, gás e biocombustível.

Silveira afirmou não temer paralisia do conselho:

— Nós não deixaremos haver paralisia do Conselho. Parece que há um clamor muito grande por se criar instabilidade. É preciso ser cuidadoso para tratar de temas tão sensíveis de interesse nacional.

No recurso apresentado à Justiça, a AGU cita parecer técnico que nega conflito de interesse e afirma que eles são “convergentes e não conflitantes”. O documento afirma ainda que a decisão afronta interesses da União como controladora e que “viola princípios da legalidade, na medida em que todas as restrições legais foram observadas no processo de indicação”. A AGU também vai recorrer da decisão que afastou recentemente Sérgio Rezende.

Na avaliação de um especialista, os efeitos da vacância no comando do conselho são percebidos. “Adia decisões e pode afetar o valor da companhia”, disse um analista. Ontem, as ações ordinárias (com voto) recuaram 0,81%, a R$ 40,30.

Processo na CVM

Antes de Mendes ser eleito em assembleia, o Comitê de Pessoas da Petrobras avaliou que ele não poderia ser eleito por conflito de interesses pelo cargo no Ministério. Para assumir, deveria se desligar da posição ocupada na pasta que o indicou.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também apresentou parecer contrário tanto à nomeação de Mendes quanto a de Rezende, indicado pelo Planalto. No caso dele, por filiação partidária — ele era membro titular do diretório nacional do PSB. Ainda assim, eles foram eleitos com a prerrogativa de que a decisão final é dos acionistas.

A CVM abriu processo administrativo sancionador para apurar o caso sob a ótica do mercado de capitais e considerando a posição do Comitê de Pessoas da Petrobras, mas ainda não há julgamento previsto.

O autor da ação que resultou na suspensão de Mendes já havia ajuizado outros dois recursos contra integrantes do colegiado, tendo conseguido o afastamento de um deles. O responsável pelas três ações populares é o deputado estadual Leonardo Siqueira (Novo), que está em seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo.

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Ele havia protocolado em outubro passado outro recurso que pretendia barrar a assembleia geral que aprovaria, no mês seguinte, mudanças no estatuto da empresa, abrindo caminho para indicações políticas. Na ocasião, o pedido foi rejeitado.

Na semana passada, porém a Justiça atendeu ao pedido dele e afastou Rezende do conselho por não cumprir quarentena obrigatória após deixar o cargo no diretório do PSB. Siqueira pretende agora exigir na Justiça que os dois conselheiros afastados devolvam os salários que receberam como integrantes do colegiado.