Harmonização perfeita busca equilíbrio entre aromas e sabores

Isabela Berrogain

Mariana Reginato

A harmonização entre pratos e vinhos é uma arte que busca equilibrar sabores e aromas, resultando em uma experiência gastronômica intensa e completa. A escolha do rótulo ideal pode resultar no realce das características de uma receita, seja destacando os gostos de determinados ingredientes ou oferecendo contrastes que acabam complementando a combinação. Na cidade, são diversos os restaurantes que possuem uma extensa e variada adega, com rótulos que agradam aos paladares mais diversos e acrescentam a todos os sabores.

Um exemplo é o restaurante Ticiana Werner, que oferece uma carta de vinhos com mais de 200 opções. “A harmonização não precisa seguir regras rígidas, mas entender os elementos do prato e do vinho ajuda a criar combinações incríveis. No fim, o mais importante é encontrar um equilíbrio que valorize ambos, proporcionando prazer e descobertas a cada taça”, explica a chef que dá nome à casa.

“A harmonização entre um prato e um vinho é uma arte que vai muito além do simples acompanhamento. O objetivo é criar equilíbrio, destacando os sabores dos alimentos e do vinho sem que um sobreponha o outro”, acrescenta Ticiana. “Uma harmonização bem feita transforma a refeição e faz tanto prato quanto vinho crescerem em sabor”, concorda Giuliana Ansiliero, à frente do Dom Francisco.

“Mas, em última análise, como meu pai (Francisco Ansiliero) gosta de falar, o que deve guiar a escolha é também o gosto pessoal. De nada adianta uma harmonização tecnicamente perfeita se a pessoa não gosta daquele vinho ou daquele estilo. As regras estão aí, ajudam na hora da escolha. Mas a escolha do vinho deve ser um prazer e não uma coisa rígida”, finaliza Giuliana.

Carta de vinhos diversificada

O Dom Francisco é destaque quando o assunto é harmonização entre pratos e vinhos. A adega da casa abriga mais de mil rótulos de 26 diferentes países, que variam entre R$ 72 a quase R$ 16 mil. A casa contempla todos os estilos de espumantes, brancos, rosés, tintos e fortificados, incluindo exemplares veganos, biodinâmicos, naturais e de mínima intervenção.

No total, são três adegas climatizadas, sendo uma para vinhos tintos do novo mundo, uma para tintos do velho mundo e outra exclusiva para espumantes, brancos e rosés.

Na casa, o sommelier Leonildo Santana sugere a harmonização entre o bacalhau em postas finas à portuguesa (R$ 252 — duas pessoas), acompanhado por arroz de brócolis, e o vinho Torre de Menagem (R$ 210), produzido pelas Quintas de Melgaço “É um vinho verde, de corpo médio, boa acidez, corte de Alvarinho e Trajadura”, descreve.

Outra indicação é o mignon de cordeiro (R$ 126), com demi glace e menta fresca, acompanhado pelo Iturria (R$ 349), vinho espanhol da região de Toro.

Jardim de vinhos

Inaugurado em 2019, o que era para ser uma operação temporária de servir vinhos e petiscos no Pontão do Lago Sul tornou-se um restaurante de sucesso. O Izzi Wine Garden, hoje, é uma casa completa, com gastronomia variada e carta de drinques, para além dos rótulos dos mais diversos tipos. Quando o assunto é harmonização, a sugestão da sócia Luiza Melo é entre o prato carbonara trufado (R$ 92) com o vinho Casa Del Maipo de sabores é essencial. Pratos mais leves pedem vinhos leves, enquanto pratos intensos combinam com rótulos encorpados. Um exemplo perfeito é o carbonara trufado, que harmoniza muito bem com um Pinot Noir, pois sua acidez e taninos suaves equilibram a cremosidade do prato sem roubar a cena”, detalha Luiza. Outra sugestão é o filé com risoto rosa de beterraba, cogumelos Portobello, chips de batata baroa e gotas de stracReserva Pinot Noir (R$ 145). “Na hora de harmonizar um prato com vinho, o equilíbrio ciatella, harmonizado com vinho da Toscana ou da região portuguesa Alentejo.

Equilíbrio perfeito

Inaugurado em 2017, o Domaine Bistrô busca unir a culinária francesa e italiana, acompanhada de bons vinhos. Comandado pelo chef Alexandre Sales, o restaurante tem uma carta de vinhos que promete uma sinfonia de sabores. Segundo o sommelier da casa, Italo Rodrigues, o filé aligot ao molho de vinho (R$ 107), corte de filé mignon servido com aligot e molho de vinho tinto, acompanhado por risoto de queijo brie, harmoniza perfeitamente com o Yllera 9 meses, vinho espanhol feito da uva tempranillo.

“É um prato que destaca o sabor do vinho malbec, complementado pela riqueza dos queijos”, afirma Italo. “O rótulo, por sua vez, tem um toque suave de baunilha devido a sua guarda em barrica de nove meses. Essa combinação promete uma experiência gastronômica sofisticada e memorável”, opina. Outra opção é a harmonização entre o filé e o vinho Marcelo Pelleriti Signature Malbec.

Combinações italianas

Restaurante italiano de destaque na cidade, a Trattoria da Rosario também prioriza intensificar o sabor das receitas da casa com uma boa harmonização entre pratos e vinhos. Ao Divirtase Mais, a sommelier Luísa Propato indica a combinação entre um vinho europeu e um lombo de cordeiro. “De forma potente, um bom vinho italiano, como o Amarone della Valpolicella Giuseppe Campagnola (R$ 757) harmoniza muito bem com o Contrafiletto di Agnello (R$ 179), o lombo de cordeiro em crosta ao molho de redução de vinagre balsâmico acompanhado por risoto negro de cogumelos Porcini”, sugere. “Quando pensamos em harmonizar, devemos buscar um equilíbrio de protagonismo. O vinho deve realçar os elementos do prato e viceversa. Os principais pontos para avaliar no vinho são intensidade e textura dos taninos, nível de acidez e doçura, corpo e teor alcoólico; nos pratos, podemos pensar na presença e tipos de gorduras, temperos, sal, açúcares e intensidade de sabor. De maneira mais prática, um vinho tinto mais encorpado harmoniza bem com carnes vermelhas, uma boa acidez e taninos mais rústicos permitem pratos mais gordurosos”, explica a sommelier. “Mais do que tentar generalizar combinações clássicas, devemos observar os elementos presentes nos molhos, nos acompanhamentos e trazer harmonizações não tão convencionais que podem abrir novos horizontes”, finaliza.

A ameaça da dengue

A dengue provocou a morte de uma menina de 11 anos em São Paulo — o primeiro óbito pela doença na capital paulista neste ano. É sempre desolador uma vida ser interrompida tão precocemente. E, nesse caso, a tristeza é ainda maior porque ficou a sensação de que a tragédia poderia ter sido evitada. Segundo informações da rádio CBN, a garotinha não tinha sido vacinada contra a enfermidade.

Crianças e adolescentes de 10 a 14 anos têm mais propensão a desenvolver a forma grave da dengue. Essa faixa etária, inclusive, concentra o maior número de internações, depois dos idosos (para os quais a vacina não é recomendada). Daí o motivo para o Ministério da Saúde ter priorizado esse público infantojuvenil, já que não há doses suficientes para toda a população, por causa da capacidade limitada de fornecimento pelo fabricante.

Apesar da disponibilidade da vacina em unidades de saúde pelo país — incluindo a capital paulista —, a procura pelas doses está baixa, de menos de 40%.

O Brasil é o primeiro país a oferecer o imunizante no sistema público de saúde. Vacina segura, eficaz e gratuita. Mesmo assim, estamos ignorando essa proteção e deixando os mais vulneráveis à mercê de uma doença perigosa.

Lembro o que diz o Artigo 14, parágrafo 1º, do Estatuto da Criança e do Adolescente: “É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias”. Portanto, se há meninos ou meninas em sua casa que ainda não tomaram as doses contra a dengue — ou outras doenças —, leve-os para atualizar a caderneta.

A expectativa é de que, em breve, um número maior de pessoas tenha acesso à vacinação contra a dengue, e com doses produzidas no Brasil. A Anvisa concluiu, de forma antecipada, a análise dos dados do imunizante desenvolvido pelo Butantan. Na última terça-feira, o órgão solicitou informações complementares ao instituto para decidir sobre a concessão do registro. Se a vacina for aprovada, o Butantan prevê entregar cerca de 100 milhões de doses ao Ministério da Saúde nos próximos três anos.

Denúncia contra Bolsonaro por trama golpista já está praticamente pronta

A denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por envolvimento na trama golpista para impedir a posse de Lula já está praticamente pronta, de acordo com três fontes que acompanham de perto os desdobramentos do caso.

O texto principal está finalizado, mas a equipe do procurador-geral da República, Paulo Gonet, está fazendo apenas os ajustes finais da redação, que deve ser apresentada até o Carnaval.

Gonet tem um estilo de trabalho centralizador e gosta de fazer uma série de revisões nos textos, checando informações e se preocupando até mesmo com notas de rodapé.

Para interlocutores do procurador-geral da República ouvidos reservadamente pela equipe da coluna, essa é a denúncia mais importante em seu mandato de dois anos, que se encerra em dezembro deste ano.

Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal em novembro do ano passado por abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa – crimes que somam 28 anos de prisão.

Desde então, o procurador se debruça sobre as 884 páginas do relatório da investigação para fundamentar a acusação, que deve vir fatiada – e se concentrar, neste momento, nos principais personagens políticos que articularam a intentona golpista, segundo a PF.

A denúncia será fatiada — ou seja, dividida em lotes —, o que deve permitir ao Supremo uma análise mais célere do caso, já que deve reunir um número delimitado de investigados, ao invés de todos os que foram indiciados pela PF. Bolsonaro estará nesse primeiro lote.

A PGR montou uma força-tarefa para analisar a conclusão do inquérito da Polícia Federal. O procurador-geral da República trabalhou no caso ao longo do mês de janeiro, durante suas férias, para acelerar os trabalhos.

8 de Janeiro

Conforme informou o blog, em pouco mais de um ano de gestão, Gonet já apresentou 256 denúncias perante o Supremo e o Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Desse total, 237 – o equivalente a 92,5% – estão relacionadas às investigações dos atos golpistas que culminaram com a invasão e a depredação da sede dos três poderes em Brasília em 8 de janeiro de 2023.

As outras acusações contra políticos se concentraram em parlamentares e políticos da oposição. Além do deputado Chiquinho Brazão, acusado de tramar a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), que é do Centrão, Gonet também denunciou os deputados federais Carla Zambelli (PL-SP) por invasão ao site do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com a ajuda do hacker Walter Delgatti Neto, e Nikolas Ferreira (PL-MG), por injúria contra o presidente Lula por chamá-lo de “ladrão” em suas redes sociais.

Calendário

Enquanto aguardam a denúncia da PGR, aliados de Bolsonaro já traçaram um cronograma das próximas etapas das investigação da trama golpista instalada na cúpula de seu governo para impedir a posse de Lula.

No entorno de Bolsonaro, a expectativa é a de que, depois da apresentação da acusação formal pela PGR, o ministro Alexandre de Moraes dê celeridade ao caso e leve recebimento da denúncia a julgamento da Primeira Turma do STF já em março. Conforme informou o GLOBO, integrantes do colegiado avaliam reservadamente aumentar a frequência de sessões – que costumam ser quinzenais, às terças-feiras – para agilizar a análise.

Nessa etapa, os magistrados avaliam se há indícios suficientes de que os investigados praticaram crimes e decidem abrir uma ação penal para, em uma fase posterior, aprofundar a apuração, com a coleta de mais provas e depoimentos de testemunhas de defesa e acusação.

A expectativa desses aliados mais realistas de Bolsonaro é de que a turma aceite a denúncia por unanimidade, com os votos de Moraes, Cármen Lúcia, Luiz Fux e os dois indicados pelo presidente Lula neste terceiro mandato, Cristiano Zanin e Flávio Dino.

Considerando o prazo médio de quatro meses entre a abertura das ações penais e a condenação de outros acusados dos atos golpistas de 8 de Janeiro, a Primeira Turma poderia julgar Bolsonaro e outros denunciados entre setembro e outubro.

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ANS cria proposta de plano de saúde com cobertura apenas para consultas e exames

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) anunciou uma proposta para o setor de saúde, com a criação de um novo modelo de plano de saúde que oferecerá cobertura apenas para consultas médicas e exames, sem incluir internações, pronto-socorro ou terapias. Com o intuito de ampliar o acesso à atenção primária e secundária, proporcionando uma alternativa mais acessível aos consumidores que buscam um plano de saúde mais barato, mas sem a necessidade de cobertura total.

A proposta, que será colocada em consulta pública entre os dias 18 de fevereiro e 4 de março, faz parte de um projeto regulatório denominado “sandbox”, uma espécie de ambiente experimental onde o novo modelo será testado por dois anos. Durante esse período, a ANS acompanhará de perto os resultados, avaliando a viabilidade do produto e a aceitação pelo público. Ao final dos dois anos, a agência realizará uma análise para determinar se o modelo será mantido ou descontinuado.

De acordo com a ANS, os novos planos de saúde são direcionados a usuários que necessitam de cobertura em todas as especialidades médicas, mas sem a necessidade de serviços de urgência, internação ou tratamentos mais complexos. Esses planos irão atender à demanda crescente por consultas eletivas e exames, setores que frequentemente enfrentam longas filas no Sistema Único de Saúde (SUS). A expectativa é que contribua para acelerar diagnósticos e desafogar o sistema público de saúde.

Os interessados em participar da consulta pública poderão enviar sugestões e comentários entre os dias 18 de fevereiro e 4 de abril. Além disso, uma audiência pública foi agendada para o dia 25 de fevereiro, para discutir a proposta com a sociedade e os profissionais da área da saúde.

A ANS acredita que a medida pode beneficiar até 10 milhões de brasileiros, especialmente aqueles que têm dificuldades em acessar cuidados médicos primários. A agência destaca que, segundo estudos do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde, a atenção primária pode resolver de 80% a 90% das necessidades de saúde ao longo da vida de uma pessoa.

Para implementar a proposta, as operadoras de saúde que desejarem participar do projeto experimental deverão criar e registrar esse novo plano de saúde, que poderá contar com a possibilidade de coparticipação, com limite de 30% dos custos para os usuários. O modelo, segundo a ANS, não afetará os planos de saúde existentes no mercado, sendo uma nova alternativa para o público que busca mais opções no setor.

*Estagiária sob a supervisão de Pedro Grigori

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Núcleo da Terra pode ter mudado de formato, dizem cientistas

O núcleo interno da Terra pode ter mudado de forma nos últimos 20 anos, segundo um grupo de cientistas.

Geralmente considerado esférico, as bordas do núcleo interno podem, na verdade, ter se deformado em até 100 metros ou mais de altura em algumas regiões, de acordo com o professor John Vidale, que liderou a pesquisa.

O núcleo da Terra é o “coração pulsante” do nosso planeta, pois gera um campo magnético que protege a vida de ser destruída pela radiação solar.

O núcleo interno gira de forma independente do núcleo externo líquido e do restante do planeta.

Sem esse movimento, a Terra “morreria” e se tornaria semelhante a Marte, que perdeu seu campo magnético há bilhões de anos.

A mudança no formato pode estar ocorrendo onde a borda do núcleo interno sólido toca o núcleo externo metálico líquido e extremamente quente.

A pesquisa foi publicada na revista científica Nature Geoscience. Originalmente, os cientistas estavam tentando descobrir por que o núcleo interno pode ter desacelerado, ficando mais lento que a rotação da Terra, antes de acelerar novamente em 2010.

Entender como o núcleo da Terra funciona é essencial para compreender o campo magnético que protege o planeta e se ele pode enfraquecer ou parar.

O interior do nosso planeta é um lugar extremamente misterioso. O núcleo está a cerca de 6.400 quilômetros da superfície da Terra e, apesar de todos os esforços, os cientistas até agora não conseguiram alcançá-lo.

Por isso, para tentar desvendar seus segredos, alguns pesquisadores medem as ondas de choque causadas por terremotos enquanto elas se propagam pelo planeta.

A forma como as ondas se deslocam revela o tipo de material pelo qual elas passaram, inclusive no núcleo interno, e ajuda a criar uma imagem do que está sob nossos pés.

A nova análise examinou padrões de ondas sísmicas de terremotos que se repetiram no mesmo local entre 1991 e 2023. Isso ajudou a mostrar como o núcleo interno está mudando ao longo do tempo.

O professor Vidale, geólogo da Universidade do Sul da Califórnia, encontrou mais evidências para apoiar a teoria de que, no período observado, o núcleo interno desacelerou por volta de 2010.

Aurora boreal ocorre graças ao campo magnético da Terra

A equipe de pesquisadores também encontrou indícios de mudança de forma do núcleo interno.

Isso estaria ocorrendo no limite entre o núcleo interno e o externo, onde o núcleo interno está próximo do ponto de fusão.

O fluxo líquido do núcleo externo, assim como a atração de um campo gravitacional irregular, pode causar a deformação.

O professor Hrvoje Tkalcic, da Universidade Nacional da Austrália, que não participou do estudo, disse que o artigo apresenta “um conceito interessante que deve ser explorado mais a fundo”.

Ele afirmou que isso pode permitir que os cientistas “façam estimativas mais precisas de algumas propriedades importantes dos materiais, como a viscosidade do núcleo interno, que é uma das grandezas menos conhecidas da ciência moderna”.

Com o tempo, o núcleo externo líquido está se solidificando no núcleo interno sólido, mas levará bilhões de anos até que ele se torne completamente sólido.

Isso quase certamente significaria o fim da vida na Terra, mas, até lá, é provável que o planeta já tenha sido engolido pelo Sol.

O trabalho de Vidale faz parte das investigações de especialistas ao redor do mundo que exploram e debatem o que acontece no núcleo.

“Na ciência, geralmente tentamos observar as coisas até entendê-las”, diz Vidale.

“É muito provável que essa descoberta não afete nossa vida diária em nada, mas realmente queremos entender o que está acontecendo no centro da Terra”, acrescenta.

É possível que as mudanças estejam conectadas a alterações no campo magnético.

“O campo magnético apresentou ‘sacudidas’ em vários momentos nas últimas décadas, e gostaríamos de saber se isso está relacionado ao que estamos observando no limite do núcleo interno”, disse ele.

Vidale pediu cautela para não transformar as descobertas em especulações de que o núcleo vai parar de girar tão cedo.

Ele também acrescentou que ainda há muitas incertezas.

“Não temos 100% de certeza de que estamos interpretando essas mudanças corretamente”, disse, afirmando que os limites do conhecimento científico estão sempre mudando e que, como muitos (se não todos) os pesquisadores, ele já esteve errado no passado.

Conheça o primeiro lugar em medicina da UnB; terceiro no câmpus Darcy Ribeiro

Matheus de Barros Franco Yida, 18 anos, passou em primeiro lugar no curso de medicina da Universidade de Brasília (UnB) pelo Programa de Avaliação Seriada (PAS), cujo resultado foi divulgado nesta sexta-feira (7/2). “Está difícil de acreditar ainda. Eu não fiz só o vestibular da UnB, fiz o Enem, vestibular tradicional, vestibular da USP, Unicamp… Todos eles não deram certo. Aí chegou o PAS, que era o último a sair o resultado, e acho que era para ser a UnB mesmo. Foi o único em que passei e o meu preferido de todos. Foi bom demais”, conta o estudante ao Correio.

Apesar da felicidade com a aprovação, Matheus conta que medicina nem sempre foi sua primeira opção. “Eu fiquei muito indeciso quanto ao meu curso até a metade do terceiro ano, quando fiz algumas entrevistas por meio de um dos projetos de escolha acadêmica do próprio Colégio Galois. Com essa entrevista, eu realmente descobri que medicina encaixava muito comigo e, desde então, quis muito fazer o curso. Agora estou aqui”, relata, alegre.

Matheus estudou no Colégio Galois e seguiu uma estratégia específica para manter o aprendizado em dia. “O Galois tem um lema que eu gostei bastante de seguir no período em que estive lá, que era: ‘Aula dada, aula estudada hoje’. Esse lema era baseado em uma análise dos professores, que explicavam que é muito mais fácil absorver o conhecimento se você estuda no mesmo dia em que teve a aula. Então, eu segui essa dica e muitas outras também, que os professores davam”, detalha.

Ele ressalta que sua rotina de estudos não era baseada em quantidade de horas, e sim na compreensão do conteúdo. Além disso, conta que tentava preservar tempo para lazer. “Pela manhã, eu ia para o colégio, que era matutino. À tarde, frequentemente havia várias aulas adicionais, das quais eu participava da maioria. Também sempre encaixava um tempo para esporte e lazer. Claro que, perto dos vestibulares, o tempo para lazer foi diminuindo, mas eu sempre tentava manter um pouco”, lembra.

A mãe de Matheus, Paula Yida, de 49 anos, acompanhava o filho quando saiu o resultado e descreve a sensação: “Muito orgulho!”. Ela conta que o filho sempre foi muito estudioso e dedicado, “um garoto brilhante”, e que foi destaque no final do 9º ano: “Sempre tivemos muitas surpresas boas com ele.”

Antes da aprovação, Paula diz que a família ficou apreensiva com os resultados anteriores. “Quando ele não estava sendo aprovado nos outros vestibulares, a gente ficava se perguntando: ‘Será que o Matheus não estudou bem? Será que não estava estudando direitinho? Será que estamos achando que é uma coisa e não é?’. Mas vimos que o PAS premiou a consistência e a dedicação que ele sempre teve a vida inteira.”

Sobre a preparação do filho, ela revela que ele estudava por conta própria, sem o auxílio de cursinhos. “Ele é muito de aprender. Eu até perguntava se ele queria fazer um cursinho, mas ele dizia: ‘Não, eu já tenho muito que estudar’. Cheguei a matriculá-lo em um cursinho on-line, mas ele nem olhou”, diz, em tom de descontração.

Aprovado na UnB, Matheus tem grandes expectativas para a graduação: “Eu tenho uma expectativa muito alta da UnB, sempre ouvi falar muito bem da universidade. Estou muito feliz de estar aqui. Espero virar um ótimo profissional com a ajuda da universidade. Acho que não tem lugar melhor para eu estar agora”, compartilha, emocionado.

Colaborou Lara Costa.

Vai ter remake de ‘A história de Ana Raio e Zé Trovão’? Ingra Liberato, que viveu a protagonista da novela, conta

Foi no rastro do megassucesso “Pantanal”, em 1990, que a extinta TV Manchete colocou no ar “A história de Ana Raio e Zé Trovão”. A novela protagonizada por Ingra Lyberato, e Almir Sater e idealizada e dirigida por Jayme Monjardim, focava na trajetória da famosa peoa de uma companhia de rodeios que percorria o país com sua caravana, enquanto procurava pela filha que foi arrancada de seus braços ainda bebê. Com a onda dos remakes, a obra voltou a ser lembrada pelos noveleiros, fãs de tramas interioranas. Ainda mais depois que Ingra fez uma participação especial no último capítulo da recente versão de “Pantanal”, na Globo, em 2022…

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Nessa onda de nostalgia, a atriz entregou em conversa com o EXTRA que já cogitou a possibilidade de fazer uma nova versão de “A história de Ana Raio e Zé Trovão”.

— Eu, Almir (Sater) e Jayme (Monjardim) já conversamos a respeito. Jayme disse: “É uma boa ideia, vamos ver o momento certo pra isso”. Eu confio na visão dele — afirma Ingra.

A intérprete de Ana Raio lembra que, por onde ia, causava frenesi:

— Ali foi um assédio realmente assustador, mas eu desmitificava o tempo todo. Procurava mostrar aos fãs que eu era igual a eles, me tirava desse pedestal ilusório.

Na época, Ingra se casou com Jayme Monjardim e os dois se apaixonaram pela criação de cavalos.

— Continuo encantada por esses animais… Lembro que meu parceiro de cena era o Zorro, que na ficção se chamava Raio, e foi emprestado por Beto Carrero (tanto o cavalo quanto o empresário já morreram). Convivi com ele por um ano, até ganhar a confiança do animal e aprender a montar. Nossa sintonia foi tanta, que a dublê acabou só me substituindo uma vez, numa cena de queda (risos) — detalha a atriz, hoje aos 58 anos.

Uma ‘empreitada inacreditável’

“A história de Ana Raio e Zé Trovão” foi uma novela itinerante: reuniu mais de cem intérpretes, entre atores e artistas do mundo circense, e percorreu 14 mil quilômetros pelo Brasil, visitando rodeios, feiras e paisagens do interior, de Norte a Sul, para as gravações. Não havia uma temática predefinida e as cenas eram totalmente gravada em externas, em cidades e feiras cenográficas.

Marcos Caruso, um dos roteiristas, definiu a obra como uma “empreitada inacreditável” em entrevista à “Playboy”:

“”Ela não era ruim. Não é porque eu que escrevi, não. Ela era mal programada. Eu soube que ia escrever ‘Ana Raio’ três semanas antes de acabar ‘Pantanal’. Jayme Monjardim disse que a história estava na cabeça e eu ia escrevê-la. E avisou: ‘Quero, a cada 20 capítulos de quatro blocos, mudar de cidade e percorrer o país inteiro’. Aí eu fui e fiz. Eu ia escrevendo a novela em um aviãozinho bimotor, literalmente nas coxas. Uma empreitada inacreditável. Foi terrível e maravilhoso ao mesmo tempo”.

Vape aumenta riscos de doenças bucais por alterar salíva

Um estudo publicado na revista International Journal of Molecular Sciences aponta que os vapes — também conhecidos como cigarros eletrônicos — alteram a composição da saliva dos usuários, resultando no aumento do risco de doenças bucais, como cáries, lesões da mucosa e doença periodontal.

O cigarro eletrônico foi desenvolvido para facilitar o processo de interrupção do tabagismo, porém se mostrou ineficaz. Ao contrário do que se esperava, esses dispositivos aumentam a dependência de nicotina e causam sérios danos para a saúde, como lesões agudas nos pulmões e alterações nos vasos sanguíneos — aumentando o risco cardiovascular, além das mesmas doenças e riscos provocados pelo cigarro comum, como asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e enfisema pulmonar. Substâncias cancerígenas também estão presentes no cigarro eletrônico.

Realizado pelo Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (ICT-Unesp), com a colaboração de cientistas das universidades de São Paulo (USP) e de Santiago de Compostela (Espanha), o estudo contou com 50 jovens, entre 26 e 27 anos, sem alterações clínicas visíveis na mucosa oral. Metade dos selecionados eram usuários regulares e exclusivos de cigarros eletrônicos há, pelo menos, seis meses, enquanto os integrantes do outro grupo não utilizavam o dispositivo.

Em 2009, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu o consumo e a venda de cigarros eletrônicos, o que dificultou o trabalho de encontrar voluntários para o estudo.

Os jovens forneceram amostras de saliva para que fossem feitas análises de sialiometria (avaliação de saliva), viscosidade, pH e concentração de nicotina — que está relacionada a maiores níveis de dependência quando há altas doses dessa substância na saliva, urina ou sangue. Também foram feitas análises clínicas nos participantes, onde foi medida a frequência cardíaca, a oximetria, a glicemia, a concentração de monóxido de carbono (CO) no ar exalado e o consumo de álcool.

A análise da saliva permitiu que os pesquisadores identificassem uma alta concentração de cotinina (metabólito da nicotina) nos usuários de cigarros eletrônicos, além da presença de 342 metabólitos salivares — que resultam do metabolismo de substâncias na saliva —, mas a análise apenas considerou os encontrados em pelo menos 70% das amostras, resultando em 101 metabólitos.

61 dos 101 metabólitos eram exclusivos dos usuários de cigarro eletrônico e os restantes eram compartilhados entre os dois grupos. Após essa análise, foram identificados sete biomarcadores: quatro específicos, que aumentaram no grupo dos usuários do dispositivo — sendo eles o ácido esteárico, ácido elaídico, valina e ácido 3-fenilático — e três compartilhados entre os dois grupos — galactitol, glicerol 2-fosfato e glucono-1 e 5-lactona).

Outra descoberta foi a diminuição do fluxo salivar dos usuários de cigarros eletrônicos em comparação ao segundo grupo. Isso pode ser relacionado à presença de substâncias que irritam as vias aéreas superiores e provocam ressecamento das mucosas — como o propilenoglicol e glicerina nos aromatizantes. Também foi apontado que os usuários apresentaram baixa viscosidade da saliva — característica que tem um papel fundamental na proteção e hidratação da mucosa bucal.

O exame físico revelou que os usuários de vapes apresentaram um nível maior de monóxido de carbono exalado e menor saturação de oxigênio que o outro grupo. Os pesquisadores também notaram que as taxas de consumo de álcool foram maiores nos consumidores do dispositivo — 76% dos usuários relataram terem combinado os dois produtos e 52% disseram que o consumo de álcool aumentou a frequência do uso de cigarros eletrônicos.

Apenas 24% dos jovens que participaram da pesquisa eram ex-fumantes de cigarro comum. Esses usuários relataram que fumavam os cigarros eletrônicos por pelo menos 2,13 anos — 52% utilizavam de forma diária e 60% de sete a dez vezes por dia. O estudo também aponta que os vapes de sabores frutados e doces são os mais consumidos, seguidos pelos sabores mentolados.

Clique aqui e leia o artigo original na íntegra.

*Estagiário sob a supervisão de Luciana Corrêa

O surpreende motivo pelo qual o sabor da sua cerveja está mudando

O sabor da cerveja é criado por uma sinfonia complexa de compostos químicos de três ingredientes: lúpulo, levedura e cevada maltada.

Mas, agora, as mudanças climáticas estão ameaçando a produção de dois deles: a cevada e o lúpulo.

Mirek Trnka, pesquisador da Academia de Ciências do Instituto de Pesquisa de Mudanças Globais da República Tcheca, e seus colegas afirmam que as culturas tradicionais das quais as cervejarias dependem para fabricar cerveja — chamadas de lúpulos nobres — vão se tornar “mais difíceis de cultivar”.

A pesquisa de Trnka mostra que a produção de lúpulos nobres diminuiu 20% desde a década de 1970 em algumas das maiores regiões produtoras de lúpulo da Europa.

Os ácidos alfa são o principal composto do lúpulo nobre que confere à cerveja seu sabor amargo característico, e o estudo de Trnka conclui que os níveis de ácidos alfa vão diminuir em 31% até 2050.

Será que a cerveja está enfrentando uma crise existencial? Há algo que possa ser feito para garantir seu sabor no futuro?

A cerveja, uma das bebidas favoritas no mundo e a bebida alcoólica mais popular em termos de volume, faz parte da sociedade desde que a humanidade descobriu a agricultura.

Evidências de bebidas alcoólicas fermentadas à base de grãos foram encontradas em lugares tão distantes quanto Jiahu, um sítio arqueológico neolítico na China que data de pelo menos 5700 a.C., e em sociedades andinas pré-colombianas, como a cultura Moche, do século 2 ao 8 d.C.

No Oriente Próximo, textos e selos cuneiformes da Mesopotâmia retratam a cerveja sendo consumida. Na verdade, há evidências da fabricação de cerveja em todos os continentes do mundo antigo.

Quer se tratasse de milho, arroz ou cereais, os primeiros agricultores aprenderam que a fermentação de grãos poderia produzir uma bebida com efeitos intoxicantes.

A cerveja era tratada como um “lubrificante social” para as pessoas no mundo antigo, assim como é nos pubs e bares ao redor do mundo atualmente.

Os níveis de ácidos alfa no lúpulo, que conferem à cerveja seu sabor amargo característico, estão diminuindo

Revolução Industrial

Inicialmente, o lúpulo era adicionado como conservante, não como aromatizante.

“Descobriu-se durante a Idade Média que o lúpulo adicionava um benefício antimicrobiano à cerveja, impedindo que ela estragasse de forma a azedar, o que aumentava o prazo de validade”, explica Thomas Shellhammer, professor de ciência da fermentação na Universidade Estadual do Oregon, nos EUA.

Antes da Revolução Industrial e da introdução de fornos e tonéis de aço inoxidável, o lúpulo era secado no fogo, o que também conferia um forte sabor defumado à cerveja, acrescenta Shellhammer.

Só foi possível desenvolver cervejas lupuladas leves do tipo lager após a Revolução Industrial, e o uso generalizado do aço.

O malte tem aroma e sabor doce, portanto o lúpulo é fundamental para equilibrar essa doçura com seu sabor amargo.

“O sabor aromático do lúpulo se tornou tão importante quanto outros elementos, em vez de ser apenas funcional para o processo de fabricação da cerveja.”

Estas primeiras cervejas teriam sido mais fracas em termos de álcool, e altamente variáveis em sabor.

No início da fabricação da cerveja, um “universo de ervas e especiarias”, além do lúpulo, era usado como aromatizantes e conservantes alternativos, incluindo flores de urze, brotos de abeto, sálvia, alecrim e zimbro.

As propriedades antimicrobianas são criadas por alguns compostos do lúpulo chamados ácidos alfa e ácidos beta, que também são a fonte do sabor amargo da cerveja.

“Durante a fase de ebulição, os ácidos alfa isomerizam [mudam de forma], se transformando em outro composto, e essa reconfiguração química os torna mais amargos”, diz Shellhammer.

Cervejas muito amargas, como as Indian Pale Ales (IPAs), são feitas a partir de lúpulos com alto teor de ácidos alfa para acentuar o sabor amargo.

A popularidade do lúpulo realmente disparou após a Revolução Industrial, diz Trnka, porque o perfil de sabor se destacou em cervejas mais claras e leves.

A consistência com que as cervejarias podiam fabricar cervejas saborosas com lúpulo fez com que essa cultura ficasse à frente de outros aromas em termos de popularidade.

Até 2050, ácidos alfa cairão em 31% em algumas regiões produtoras de lúpulo

Tentativa de solução tecnológica

Em nenhum outro lugar as cervejas mais leves decolaram tanto quanto na Europa Central, especialmente nas regiões que hoje fazem parte da República Tcheca, Eslováquia e Alemanha, onde o estilo lager foi inventado.

Os lúpulos cultivados ali, chamados de lúpulos nobres, se tornaram muito apreciados por dar às lagers seu sabor característico.

“Esta é uma indústria relativamente tradicional”, diz Trnka.

“Você obtém uma premium se cultivar esses lúpulos nobres, essas variedades antigas, especialmente na República Tcheca, onde isso faz parte de 100 anos de tradição.”

A pesquisa climática de Trnka e seus colegas se concentrou em variedades nobres de lúpulo.

O aumento das temperaturas causado pelas mudanças climáticas antecipou o início da estação de cultivo do lúpulo nobre na Alemanha e na República Tcheca em 13 dias entre 1970 e 2018, e o amadurecimento foi antecipado em 20 dias.

As projeções de Trnka sugerem que, até 2050, a produção de lúpulo nobre vai diminuir entre 4,1% e 18,4% em comparação com de 1989 a 2018, acompanhada por uma queda semelhante no teor de ácido alfa, devido ao aumento das temperaturas e às secas mais frequentes.

Embora alguns efeitos das temperaturas mais altas e das secas possam ser superados com a irrigação, diz Shellhammer, em temperaturas muito altas, em torno de 46°C, as plantas param de crescer, e algumas doenças se desenvolvem em temperaturas mais altas.

“Mas, se quisermos cultivar o mesmo lúpulo que nossos antepassados cultivavam no século 19, ou até mesmo antes, esses lúpulos nobres que são tão apreciados para as lagers leves, pelas quais a República Tcheca é tão famosa, há maneiras de nos adaptarmos”, diz Trnka.

Os produtores de lúpulo têm algumas opções: transferir o lúpulo para áreas com lençóis freáticos mais altos, por exemplo, em vales ou perto de córregos, onde a água é mais facilmente absorvida pelas raízes das plantas; adicionar irrigação por gotejamento; ou mudar para variedades mais resistentes ao clima.

Todas essas estratégias foram comprovadamente bem-sucedidas na fabricação de vinho, uma vez que a vinicultura também está ameaçada pelas mudanças climáticas.

De certa forma, observa Shellhammer, os fabricantes de cerveja têm mais sorte do que os produtores de vinho, que dependem apenas de um ingrediente — a uva —, à medida que podem ajustar a levedura, o malte e o lúpulo para aperfeiçoar o sabor.

Mas nem todas essas soluções vão ser fáceis de implementar, adverte Chuck Skypeck, diretor técnico de projetos de fabricação de cerveja da Brewers’ Association nos EUA.

Para se adaptar ao aumento das temperaturas, os fabricantes de cerveja talvez precisem passar a cultivar variedades de lúpulo mais resistentes ao clima

A irrigação é mais comum na América do Norte do que na Europa, e sua introdução é cara, segundo ele. Trocar de variedade também é algo que é mais fácil falar do que fazer. O lúpulo é uma cultura perene, o que significa que a planta permanece no solo o ano todo.

Assim como outras culturas perenes, como de café ou uva, mudar de variedade exigiria a escavação de toda a planta, diz ele. A troca de variedades de grãos é muito mais fácil, pois a cada ano novas culturas são semeadas a partir de sementes.

Mas Shellhammer acredita que a troca de variedades de lúpulo pode resultar em apenas alguns anos de redução na produção.

“No noroeste dos Estados Unidos, conversei com produtores que disseram que poderiam trocar uma cultura e obter cerca de 75% da produção no primeiro ano”, diz ele.

“No caso das uvas do vinho, você precisa esperar que uma videira inteira cresça e produza — então é uma empreitada de vários anos.”

Skypeck acrescenta que os programas de melhoramento em vigor na América do Norte e em todas as principais regiões produtoras de lúpulo estão focados em desenvolver novas variedades para alterar sabores e aromas, e encontrar variedades que se adaptem melhor às condições climáticas em constante mudança.

Essas adaptações incluem estruturas de raízes mais profundas e densas que são mais resistentes à seca.

Essas novas variedades estão se mostrando populares entre cervejarias artesanais e fabricantes de Bitters e Ales.

“Isso impulsionou muito o movimento da cerveja artesanal e independente nos EUA”, diz ele.

Novas variedades de lúpulo estão sendo criadas para serem mais resistentes às mudanças climáticas, de acordo com Skypeck. Mas o desenvolvimento de uma nova variedade de lúpulo do zero até a produção plena pode levar até 10 anos.

Por exemplo, uma nova variedade experimental pode apresentar maior resistência ao calor, mas ainda pode exigir uma quantidade semelhante de água, diz ele.

A cerveja é a bebida alcoólica mais popular em termos de volume consumido

Christian Ettinger, fundador da Hopworks Urban Brewery em Portland, nos EUA, diz que uma de suas cervejas típicas pode conter entre duas e cinco variedades diferentes de lúpulo, o que oferece à cervejaria a possibilidade de ajustar a receita para levar em conta as mudanças na colheita.

“Selecionar lúpulos e fazer previsões é difícil, e exige que você analise planilha por planilha, ajuste suas receitas e observe seus volumes gerais”, ele explica.

A escassez de água é um dos principais fatores que contribuem para a baixa produção nos EUA, o que aumenta o custo do lúpulo, segundo Ettinger.

“A cerveja tem sido a bebida alcoólica mais popular [no mundo] há 9 mil anos, e parte disso se deve à sua disponibilidade e preço acessível. Cabe a nós, como cultivadores, garantir que ela continue sendo acessível.”

Ettinger fabrica cerveja há 30 anos e, neste período, viu como a indústria se ajustou às mudanças climáticas introduzindo técnicas agrícolas regenerativas, como o cultivo de cobertura — que envolve o cultivo de outras culturas entre as plantas de lúpulo para erradicar ervas daninhas, reduzir a erosão e melhorar a saúde do solo —, e o biochar — que é a adição de matéria orgânica rica em carbono para melhorar a retenção de água no solo.

“A parte bonita da sustentabilidade é que você está tentando minimizar sua pegada, porque isso é melhor para o planeta, e é mais barato — isso te torna mais eficiente e economicamente competitivo.”

Uma tendência recente nos EUA são as “cervejas de lúpulo fresco”, que são produzidas com lúpulos que celebram a singularidade da colheita daquele ano, diz Skypeck.

“Há consumidores que estão interessados em experimentação e variedade.”

Quer os consumidores adotem uma paleta mais variada de cervejas ou se mantenham fiéis às conhecidas lagers, “não vai ser o fim do mundo”, afirma Trnka.

“Ainda vamos conseguir fabricar cerveja.”

Leia a íntegra desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.

Prazo de inscrição para estágio na AGU termina nesta segunda

A Advocacia-Geral da União (AGU), por meio do Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee), está com inscrições abertas para um novo processo seletivo de estágio, com oportunidades para estudantes do ensino médio e superior em mais de 40 municípios brasileiros. Os interessados têm até esta segunda-feira (3/2) para se inscrever pelo portal do Ciee, no link: https://shre.ink/bSgO.

O processo seletivo será composto por três etapas: inscrição on-line, prova on-line e entrevista na AGU. Os candidatos aprovados poderão atuar em uma jornada de 4 ou 6 horas diárias, recebendo bolsa-auxílio que varia de R$ 486,05 a R$ 694,36 para o ensino médio e de R$ 787,98 a R$ 1.125,69 para o ensino superior. Além disso, os estagiários terão direito a um auxílio transporte de R$ 10 por dia trabalhado.

As vagas são destinadas a estudantes do ensino médio e de cursos superiores como ciência da computação, ciências contábeis, arquivologia, administração pública, arquitetura e urbanismo, tecnologia em sistemas para internet, economia, administração, direito, tecnologia em análise e desenvolvimento de sistemas, tecnologia da informação, informática, engenharia da computação e engenharia civil.