Aliados e adversários de Seif apostam no mesmo placar para julgamento de cassação

Tanto aliados quanto adversários do senador bolsonarista Jorge Seif (PL-SC) arriscam o mesmo placar para o julgamento que pode levar à cassação do parlamentar por abuso de poder econômico na campanha de 2022, marcado para esta terça-feira (16) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Dos dois lados, a previsão é a de que a análise do caso divida o plenário ao meio, com um resultado apertadíssimo de 4 a 3 – pela absolvição, no caso dos aliados de Seif, ou pela cassação, na conta dos adversários.

A dúvida é saber quem dará o voto decisivo para selar o resultado e em qual direção.

No mapeamento de votos dos dois lados a posição da vice-presidente do TSE, Cármen Lúcia, é considerada uma incógnita, o que a alçou ao posto de “fiel da balança”. A ministra será a terceira a votar no plenário, após se manifestarem o relator, Floriano Azevedo, e o ministro André Ramos Tavares.

Como Azevedo, Ramos Tavares e Cármen Lúcia votam em sequência, o início do julgamento já deve dar indicativos do resultado final, na avaliação de fontes que acompanham o caso de perto.

Já do lado conservador, Kassio, Raul e Isabel Gallotti indicaram que devem ir pela absolvição do parlamentar.

Como o ministro Alexandre de Moraes é tido como voto certo pela cassação, o lado para o qual Cármen pender deverá ser o vencedor.

Segundo a equipe da coluna apurou, Azevedo já compartilhou seu voto pela cassação com os colegas há alguns dias. No voto, ele defendeu também a convocação de novas eleições para definir quem fica com a vaga de Jorge Seif.

Os advogados de Raimundo Colombo, que ficou em segundo lugar na eleição para o Senado em 2022 e entrou com a ação na Justiça Eleitoral contra Seif, tentam emplacar a tese de que ele, o segundo colocado na disputa, é quem deveria assumir o cargo.

Na ação, a coligação de Colombo, formada por Patriota, PSD e União Brasil, diz que Seif deve ser cassado por supostamente usar a frota aérea da varejista Havan de Luciano Hang, além de sua equipe de funcionários, mobilizando a estrutura da empresa para alavancar a sua candidatura.

Azevedo e André Ramos Tavares são ministros da órbita do presidente do TSE, Alexandre de Moraes, que também costuma contar com o apoio de Cármen para prevalecer a sua posição em julgamentos no plenário.

Para interlocutores de Seif, Moraes fez questão de julgar a ação contra o senador bolsonarista antes de deixar a presidência do TSE, em 3 de junho, com o objetivo de deixar registrado o voto pela cassação.

Na prática, o julgamento deve escancarar as divisões internas da Corte, que atualmente se divide entre o “grupo de Moraes” e “ala conservadora”, mais próxima do bolsonarismo.

Conforme informou o blog, a correlação de forças no TSE será alterada a partir de junho, com o fim do mandato de Moraes, e a efetivação do conservador André Mendonça, hoje ministro substituto, na composição titular do tribunal.

A troca de Moraes por Mendonça deve produzir impactos em casos que devem ser julgados pelo TSE só no segundo semestre, como as ações contra o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) por abuso de poder econômico, caixa 2 e uso indevido dos meios de comunicação nas eleições de 2022.

Na semana passada, Moro foi absolvido por 5 a 2 pelo TRE do Paraná. Seif também teve um cenário tranquilo no tribunal regional.

Em novembro do ano passado, o senador bolsonarista foi absolvido por unanimidade, pelo Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC), que concluiu não haver provas suficientes para caracterizar o abuso de poder econômico.

Seif tem mobilizado aliados no Senado para tentar impedir a cassação pelo TSE. Nos últimos dias, o senador não só procurou colegas para pedir apoio como pediu a eles para convencer ministros da corte eleitoral a votar contra sua cassação.

Os parlamentares estão também buscando magistrados de outras cortes e interlocutores dos ministros do TSE para pedir que saiam em defesa de Seif junto aos integrantes da corte, rechaçando as acusações e alegando que a ação contra ele é uma “injustiça”.

Seif saiu do pleito de 2022 com 1,48 milhão de votos, o equivalente a 39,79% dos votos válidos de Santa Catarina e mais do que a soma das votações do segundo colocado, Colombo (608 mil) e do terceiro, o ex-senador Dário Berger (605 mil).

À equipe da coluna, o senador bolsonarista já afirmou que, se for cassado pelo TSE, os eleitores catarinenses vão escolher outro conservador para o seu lugar. “Vão trocar seis por meia dúzia”, afirmou. O parlamentar nega as acusações.

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